segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Uma questão de pontuação

Conta uma lenda, de idade muito avançada, que em certa localidade, um homem muito rico estava muito mal de saúde e ao sentir que as suas forças estavam prestes a acabar, pediu papel e caneta e escreveu o seguinte: “Deixo os meus bens à minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres”.

Curiosamente, o senhor acabou por falecer antes de fazer a pontuação. A quem deixou a fortuna? Apenas sabemos que eram quatro os interessados, sendo que cada um deles optou por colocar na frase a pontuação respectiva. Então, o sobrinho fez a seguinte pontuação: Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres. Entretanto, a irmã chegou logo de seguida e pontuou da seguinte forma: Deixo os meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres. Intrigado, o padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa para a sardinha dele e assim escreveu: Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres. Desconfiados, os pobres da cidade quiseram saber da tal frase e um deles, sabido, fez a seguinte interpretação: Deixo os meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

Assim vivemos diariamente. Várias e distintas interpretações acerca de um determinado assunto, dando-lhe sentido da forma que melhor nos sirva.

No fenómeno desportivo, a questão da pontuação é tão só o mais valioso e importante factor que move instituições, atletas, treinadores e demais envolvidos no processo. É a pontuação que trás veracidade à realidade desportiva, independentemente de justiça ou injustiça, de jogar bem ou mal, de uns se sentirem prejudicados e outros beneficiados. A pontuação não engana, nem na construção frásica (como vimos anteriormente) nem numa qualquer classificação de um qualquer campeonato. A grande diferença é que a “pontuação frásica” tem vários sinais gráficos e não gráficos, e a “pontuação desportiva” apenas tem 3 formas de se expressar – vitória, empate e derrota.

A pontuação é importante, mas a construção frásica também. O resultado é importante, mas o processo para o qual se prepara um equipa também. Não deixem nada ao acaso e não permitam que os atletas tenham dúvidas em relação ao pretendido. É que no final de contas, a pontuação também não deixa dúvidas!


REFERÊNCIAS:

  1. Na Liga Sagres, a pontuação diz que o Benfica é líder em época natalícia, o que já não acontecia à 15 anos (!). No FutSagres, a pontuação diz que o Belenenses é líder e a Desportiva do Fundão, com 18 pontos, é 6ª classificada.
  2. No virar do ano civil, em função dos resultados obtidos e da pontuação alcançada, todas as equipas devem elaborar um destes cenários: manter objectivos definidos (se tudo corre como pretendido), reformular objectivos mais ambiciosos (afinal somos melhores do que inicialmente pensávamos), reformular objectivos mais realistas (afinal não somos tão bons como inicialmente pensávamos). Bom trabalho!
  3. Na 12ª Jornada do Campeonato Nacional de Fusal, o empate (1-1) em Loures com o Sporting ditou a crueldade de uma ineficácia terrível na finalização. Não conseguimos “acabar” com o jogo e o Sporting acabou por empatar a 57 segundos do fim! Em 12 jornadas, este foi o jogo onde a AD Fundão demonstrou ter uma maior superioridade perante o seu adversário, mas não conseguiu vencer. E se acham que estou a exagerar, cliquem em http://www.futsalportugal.tv/component/content/article/4377/4377.html
  4. Taça de Portugal em Futsal – FutSagres, III Eliminatória: Domingo, 28 de Dezembro, 16h00, AD Fundão x SL Benfica, Pav. Municipal do Fundão. Compareça e não venha sozinho, há lugar para mais um!
  5. Desejo a todos, um Santo e Feliz Natal, com muita saúde.

(Este artigo foi publicado no Jornal Tribuna Desportiva na sua edição de 23 de Dezembro)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A nossa selecção – entre o clube de Luís e o conjunto de Carlos

A nossa Selecção Nacional de Futebol (sobre)vive em dias e tempos pouco cómodos. Os resultados alcançados nos últimos 5 anos não estão agora a ter a mesma linha de progressão e a isso fica intimamente ligado à mudança no cargo de Treinador Nacional – Seleccionador. Quando em 2002 o Brasil foi Campeão do Mundo, todos os que seguíamos a competição pela televisão ficámos a conhecer e a identificar a “imagem” do então desconhecido Luís Filipe Scolari. Após esta conquista e decorrendo o ano 2003, Luís Filipe Scolari assumiu o cargo de Seleccionador Nacional de Futebol e em 2004, numa competição na qual Portugal não teve que realizar fase de qualificação, Portugal alcançou a final do Euro 2004.

Dois anos mais tarde, após uma excelente fase de qualificação, conduziu a Selecção Nacional ao quarto lugar do Mundial 2006, confirmando a magnífica série de resultados obtidos à frente da "equipa de todos nós".

Depois de obter a qualificação para a fase final do EURO 2008, Portugal ganhou os dois primeiros jogos realizados em Genebra e qualificou-se para os quartos-de-final da prova, onde foi eliminado pela Alemanha. Esse foi, também, o último jogo de Scolari à frente da "equipa das quinas", já que o brasileiro foi contratado pelos ingleses do Chelsea.

Durante estes (quase) 5 anos, as convocatórias de Luís eram muito idênticas, sem grandes alterações de nomes, independentemente de o jogador A ou B jogar regularmente no seu clube ou inclusivé deixasse de ser opção e fosse menos utilizado. Luís sempre conseguiu, enquanto esteve no comando da Selecção, formar um verdadeiro espírito de clube, constituindo à sua volta um plantel de jogadores que apenas sofria alterações pontuais e opcionais devido a lesões de jogadores. Parece-me evidente também que para alcançar e potenciar as rotinas de Selecção, de treino, de jogo e de hábitos comportamentais desportivos que se pretendem numa Selecção – e visto o curto espaço de tempo que as Selecções estão reunidas – este foi um “pormaior” muito importante e até mesmo decisivo. Assim se conseguiram os resultados (re)conhecidos, e nem as capas de jornais, os programas de televisão, os presidentes de clube ou outro agente desportivo com opinião valorizada, mudou em Luís a forma de ser, de estar, de actuar e decidir em função das suas convicções. Formou na nossa Selecção de Futebol um ambiente e um espírito de família, acreditando, confiando e defendendo os seus atletas de quem lhes queria fazer entender o contrário. Assim deixámos de ser apenas a Selecção com talento e passámos a ser a Selecção com talento que ganhou, foi aclamada por todos e esteve perto da glória.

Agora, a outra face da Selecção – Carlos regressou ao comando da Selecção Nacional – Clube Portugal em Julho de 2008. Levamos alguns jogos de preparação, 4 jogos de qualificação e muitos atletas convocados, experimentados, e alguns deles, só para ver em contexto não competitivo, pois depois nem jogam. Carlos tem um grupo de jogadores grande, tal a variedade de opções que tem tomado nas convocatórias até agora efectuadas. E pelo que temos visto, este grupo de jogadores não vai ficar por aqui. Assim, com tantas opções em tão pouco espaço de tempo, torna-se difícil criar um “plantel”, um espírito de clube, um pequeno grupo de jogadores que tenha e comece a fomentar as rotinas que Carlos pretende para a sua equipa. Com a fase de qualificação a “apertar”, deveria Carlos escolher um “plantel” para os próximos desafios, ficando alheio a algumas ocorrências desportivas que vão sucedendo, por forma a potenciar o rendimento da nossa selecção. A cada convocatória faremos a análise e retiraremos a nossa conclusão da forma como Carlos conduz e conduzirá o processo Selecção.

A diferença entre Luís e Carlos tem estado neste aspecto e noutro tão menos importante – os resultados. Concordava com Luís e assim, custa-me a aceitar algumas opções de Carlos, mas quando vierem os jogos, também quero que Portugal vença.


(Este artigo foi publicado no Jornal Tribuna Desportiva, na sua edição de 16 de Dezembro de 2008)

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Mais que um jogo, um golo, uma vitória. 5 vidas!

Permita-nos que, na sua pessoa, nos dirijamos a todos quantos no Sábado passado socorreram a minha família na CREL – restante equipa técnica, jogadores e dirigentes. Nesse dia, acredite, (ob)tivemos a vitória mais bonita da nossa vida (uma carreira que leva já 38 e 33 anos de existência, respectivamente) e o Senhor Prof. José Luis e restantes elementos da ADF presentes no local contribuíram decisivamente para que a mesma se consumasse. Depois do aparatoso e violento acidente que envolveu toda a nossa família mais directa e da qual, miraculosamente, não há ferimentos a registar, tivemos – a minha mulher, os meus filhos e eu próprio – a sorte de termos sido socorridos, num primeiro mas decisivo momento, por verdadeiros Campeões.

Pouco importa – espero que nos compreenda – se ganham todos os jogos, mas o que lhe garanto é que, com atitudes humanas, altruístas e solidárias como a que tiveram no Sábado, ganharão seguramente um campeonato muito mais importante: ganharão o respeito dos outros, o direito a andar de coluna direita e o campeonato da atitude perante o nosso próximo. Sem temer ninguém e sem vergonha do que quer que seja. Situação rara nos nossos dias.

Acabamos de receber a notícia do mecânico com a sentença para o nosso carro: sucata!!!

Também nós e os nossos filhos poderíamos ter ido para a sucata. Num primeiro instante não fomos, graças a Deus, num segundo momento foi a todos vós que entregámos a nossa protecção.

Acredite Senhor Prof., não temos palavras suficientemente fortes para exprimir o sentimento de gratidão que guardamos dos elementos da ADF que conhecemos na CREL. Bem hajam!

Esperamos que o que viram possa servir de lição de vida (para nós a vossa ajuda serviu e muito): um carro destruído de um momento para o outro e uma família sã e salva sem saber como. Aos mais novos – e havia, muitos, mais novos do que nós – peço-lhes que não julguem que situações destas só acontecem aos outros (nós não seguíamos a mais de 140 Km/h e tínhamos pneus, com apenas, 6 meses de idade). A tarefa não é fácil, mas tentem. Também nós, até Sábado passado, acreditávamos que era só aos outros que este género de “coisas” acontecia...

A vida dá muitas voltas, e às vezes até cambalhotas. Sem contarmos com elas, sem aviso prévio. De um minuto para o outro tudo pode mudar.

A Vossa lição e o Vosso exemplo não nos abandonarão e tudo faremos para que os nossos filhos sejam, também eles, criados na companhia de princípios como os do altruísmo, da solidariedade e do respeito pelo próximo, tão bem interpretados por todos Vós.

Com um forte abraço, de infinito agradecimento.”


Na passada semana, aquando da nossa deslocação a Sassoeiros – Carcavelos para a II Eliminatória da Taça de Portugal, na CREL sentido Lisboa – Oeiras – Lisboa (saída/entrada de Odivelas) deparámo-nos com um violento e aparatoso acidente. No sentido Lisboa – Oeiras um carro acabara de capotar à nossa frente. Dentro dele seguiam 3 crianças (entre os 3 e os 6 anos) e um casal. A carta que vos transcrevi foi enviada à pessoa do Prof. José Luis pelos intervenientes do acidente, que felizmente estão bem, e dos quais também nós não nos esqueceremos.

(Este artigo foi publicado no Jornal Tribuna Desportiva, na sua edição de 9 de Dezembro de 2008)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Reconhecer o mérito

A 15 de Maio de 2007, aqui nestas páginas escrevi assim: “No Sábado, em Pombal, para a última jornada da I Fase da Taça Nacional de Juniores “A” em Futsal Masculino iria decidir-se qual das equipas acedia às meias-finais da competição. Com uma vantagem de 7 golos, alcançada no jogo da 1ª volta no Fundão, sabíamos que o Pombal teria que pressionar muito e bem para nos criar dificuldades e acima de tudo alcançar um resultado de tal forma dilatado que lhes permitisse sonhar com a fase seguinte (...) encarámos o jogo sabendo que estaríamos a 40 minutos de algo inédito e inesquecível para atletas e instituição e que depois de 40 minutos de dedicação e entrega, ficaríamos na história (...) Para a história fica o resultado 5-4, a quebra da invencibilidade que já tinha 11 meses e a passagem da AD Fundão às meias-finais da Taça Nacional de Juniores “A” Futsal Masculino. Inédito, memorável e histórico. Orgulhosamente felizes do percurso desportivo e social que vamos construindo e conscientes da nossa responsabilidade fruto da nossa qualidade, é um momento inesquecível… mas que ninguém nos diga irrepetível!”.

Cerca de um mês depois, a 12 de Junho de 2007, e referente à mesma época desportiva (2006/07), escrevi assim: A Secção de Futsal da Associação Desportiva do Fundão, conseguiu, no seu ano de estreia, a manutenção no Campeonato Nacional da 1ª Divisão de Futsal (...) 10 meses de trabalho, dedicação e esforço têm um saldo extremamente positivo. Formámos uma família e agora temos duas. O Balneário, o Pavilhão, o treino, o jogo e até o autocarro foram a nossa casa durante 10 meses e tudo aquilo que vivemos juntos foi-nos tornando cada vez mais fortes e unidos,(...) estão de Parabéns também as nossas famílias e amigos, aqueles a quem roubamos tempo e momentos e aqueles que aturam os nossos estados de espírito em função dos resultados. Obrigado também para eles! Certas e não raras vezes o desgaste acumulado e provocado pela ansiedade pré e pós competitiva foi controlado também por eles e com a ajuda deles. (...) Contudo, também a Formação está de Parabéns! (...) os Juniores alcançaram as meias-finais da Taça Nacional, sendo derrotados pelo Benfica, tendo estado entre as 4 melhores equipas nacionais. Se considerarmos os Juniores como um escalão de pré-rendimento / pré-elite, os resultados obtidos esta época deixam um futuro interessante a estes atletas para seguirem o seu percurso no Futsal: bi-campeões distritais, presença na meia-final da Taça Nacional e nos 24 jogos oficiais desta época, 3 derrotas, 2 empates e 19 vitórias!.

Sendo estes “dados/resultados/factos” relativos à época 2006/07 e porque o IDP – Instituto do Desporto de Portugal leva a efeito o projecto “RECONHECER O MÉRITO”, que tem como objectivo reconhecer publicamente o trabalho desenvolvido pelos Treinadores e Clubes que se dedicam à causa da formação dos jovens praticantes desportivos nas diferentes modalidades desportivas, na defesa dos interesses e necessidades dos jovens e na procura permanente de uma intervenção com maior qualidade, foi o Treinador Joel Rocha na modalidade Futsal e o Clube Associação Desportiva do Fundão, também na modalidade Futsal distinguidos com o Troféu “Reconhecer o Mérito 2007”. Foi numa iniciativa que decorreu no passado dia 28 de Novembro em Castelo Branco nas instalações do Governo Civil que o IDP distinguiu clubes e responsáveis técnicos de diferentes modalidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda com troféus referentes ao ano de 2007.

(Este artigo foi pulicado no Jornal Tribuna Desportiva na sua edição de 2 de Dezembro de 2008)