quarta-feira, 22 de julho de 2009

a culpa do “RJFD”

A Direcção da FPF apresentou à Assembleia Geral, que se realizou no dia 18 de Julho, a proposta para alteração dos novos Estatutos da Federação Portuguesa de Futebol. O documento foi elaborado tendo em conta os Estatutos Standard da FIFA e UEFA, bem como as informações colhidas no âmbito do Conselho Nacional do Desporto aquando a discussão das alterações ao Regime jurídico das Federações Desportivas. Com a publicação do novo Regime Jurídico das Federações Desportivas, que sucedeu a 31 de Dezembro de 2008, foi possível confirmar a legalidade do documento que agora se apresenta. Quer para efeitos do cumprimento da Lei Portuguesa, quer para cumprimento das obrigações de filiação da FPF na FIFA e UEFA, é necessário a aprovação das alterações aos Estatutos da FPF.

Foi então no passado Sábado, em Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol, que foi rejeitada a proposta de novos Estatutos apresentada pela Direcção. Associação de Futebol de Aveiro, Liga Portuguesa de Futebol Profissional, Sindicato de Jogadores de Futebol Profissional e Associação Nacional de Treinadores de Futebol votaram a favor (201 votos). Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (30 votos) absteve-se e os restantes sócios (252 votos) manifestaram-se contra a proposta. A Federação Portuguesa de Futebol continua fora da lei e arrisca perder o estatuto de Utilidade Pública desportiva. Tal poderá significar, em caso de aplicação do "castigo máximo" - a suspensão total - a perda do reconhecimento das selecções nacionais e a inibição de organizar todo o tipo de competições, entre outras consequências. A uma semana do final do prazo (dia 26) para as federações adaptarem os seus estatutos à nova legislação - Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD) - a FPF foi "traída" por alguns dos seus associados. Em Assembleia-Geral, as associações rejeitaram o novo modelo de estatutos proposto pela direcção da Federação, numa clara oposição ao RJFD. É que entre as alterações reprovadas incluía-se a perda de representatividade das associações distritais e regionais, passando de 55 % dos votos para 35. Se durante a próxima semana, as associações não cederem - o cenário mais provável - a FPF ficará sujeita a um inquérito, da responsabilidade do secretário de Estado do Juventude e do Desporto, Laurentino Dias. O governante irá analisar individualmente, a partir do dia 27, os processos de alteração de estatutos de todas as federações. E para os incumpridores a consequência máxima poderá ser a suspensão total da utilidade pública (artigo 21, do Decreto-lei nº 248-B/2008), que pode ter como efeito a suspensão da actividade desportiva das federações em causa. No entanto, a lei também confere a suspensão parcial, assim como o cancelamento deste estatuto por um período determinando, dando-lhe um tempo para se adaptar à legislação.

REFERÊNCIAS:

  1. Estes dados foram recolhidos através dos sítios da internet do Diário de Notícias e do portal da Federação Portuguesa de Futebol.

(Este artigo foi publicado no Jornal Tribuna Desportiva, na sua edição de 21 de Julho de 2009)

terça-feira, 14 de julho de 2009

jogo limpo SFF!!

Olá! Antes de mais, bom ano desportivo a todos (excepto aqueles que forem meus adversários. Como compreenderão, não posso desejar sucessos desportivos a quem lute pelos mesmos objectivos que eu. Não é antipatia e seria até hipocrisia), com muita saúde.

À alguns dias atrás, após uma breve consulta num sítio da internet, e antes mesmo dessa reportagem passar nas televisões, foi com enorme admiração e até repúdio que li algumas palavras de um ex-futebolista profissional. Fernando Mendes, defesa-esquerdo que passou, entre outros, por FC Porto, Sporting CP e SL Benfica, revelou alguns “segredos” (!) da sua carreira e de alguns balneários. O que a seguir vos mostro são citações retiradas do livro «Jogo Sujo», de Fernando Mendes e Luís Aguilar ( da editora Livros De Hoje, do Grupo Leya).

«Em determinado período da minha carreira cheguei a um clube que tinha uma grande equipa, um belíssimo treinador e um presidente carismático. Para além destas qualidades, existiram outros ingredientes que facilitaram o nosso percurso vitorioso. Devo dizer que antes de ir para este clube nunca tinha tido qualquer experiência com doping (pelo menos conscientemente)».

«Os incentivos para correr eram sempre apresentados pelo massagista. Passado pouco tempo de estar no clube (...) disse-me claramente que aquilo que ia dar-me era doping, embora nunca tivesse falado de eventuais efeitos secundários. (...) Com o passar do tempo assumi os riscos e tomei doping de todas as vezes que me foi dado. (...) Nunca vi um único colega insurgir-se perante essa situação».

«No meu tempo, o doping era tomado de duas formas: através de injecção ou por recurso a comprimido. Podia ser antes do jogo, no intervalo, ou com a partida a decorrer, no caso daqueles que saíam do banco (...) A injecção tinha efeito imediato, enquanto os comprimidos precisavam de ser tomados cerca de uma hora antes do jogo».

«Em alguns clubes onde joguei tomei coisas das quais nunca soube o nome».

«Cada jogador tomava uma dose personalizada, mediante o seu peso, condição física ou última vez que tinha ingerido a substância (...) Porém, nos jogos importantes era sempre certo (...) Quando se sabia que não iria haver controlo antidoping, nunca falhava».

«Lembro-me de um jogo das competições europeias contra uma equipa que tinha três campeões do mundo no seu plantel. Um deles era um poderoso avançado no jogo aéreo (...) Apanhei-o várias vezes no meu terreno de acção. Ele era um armário, com um tremendo poder de impulsão. Mas nesse dia eu saltei que nem um louco e ganhei-lhe quase todas as bolas de cabeça (...) O meu segredo: uma pequena vacina, do tamanho de meia unha, chamada Pervitin».

«Em certos treinos víamos um ou dois juniores que apareciam para treinar connosco. Esses juniores não estavam ali porque eram muito bons ou porque tinham de ganhar experiência. Estavam ali para servirem de cobaias a novas dosagens. Um elemento do corpo clínico dava cápsulas ou injecções com composições ilegais a miúdos dos juniores (...) Diziam-lhes que eram vitaminas e que a urina era para controlo interno».

«Se um jogo fosse ao domingo, o nosso médico sabia na sexta ou no sábado quais as partidas que iriam estar sob a tutela do controlo antidoping».

«Em determinada temporada (...) sou convocado para um encontro particular da Selecção Nacional. (...) Faço uma primeira parte fantástica, mas ao intervalo começo a sentir-me cansado e tenho medo de não aguentar o ritmo (...) O jogo realiza-se num estádio português (...) Estão lá um médico e um massagista de um clube onde jogo (...) No intervalo, peço a esse médico para me dar uma das suas injecções de doping. Saio do balneário da Selecção, sem que ninguém se aperceba, e entro numa salinha ao lado. É aí que me dão a injecção pedida por mim. Volto a frisar que ninguém da Selecção se apercebeu».

REFERÊNCIAS:

  1. Não é inédito mas merece destaque extremamente positivo. A época que vai iniciar (2009/10), vai iniciar a Liga Sagres com 16 treinadores portugueses no banco das 16 equipas participantes. Esta é, de facto, uma situação muito rara. Apenas em 2006/07 a Liga Portuguesa arrancou só com treinadores portugueses e isto porque Co Adriaanse abandonou o F.C. Porto na pré-época e foi rendido por Jesualdo Ferreira, que se preparava para comandar o Boavista.
  2. Estou curioso por ver o plantel do Real Madrid transformar-se numa boa equipa de futebol. Serei um seguidor atento de tantos milhões de euros juntos.

(Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva, na sua edição de 7 de Julho de 2009)