A expressão que dá titulo ao artigo de hoje vem do tempo em que os discos eram pretos, se viravam, feitos de vinil e tinham dois lados, vulgarmente designados por Lado A e Lado B. Os discos eram colocados no gira-discos, um aparelho de construção mecânica composto por um prato, uma agulha e um botão onde se definia quantas rotações sobre si próprio deveria o prato cumprir durante um minuto. Tirava-se o disco da capa, colocava-se no prato, seleccionavam-se as rotações apropriadas, passava-se a agulha sobre o vinil e ouvia-se. Quando o Lado A chegava ao fim, virava-se e ouvia-se o Lado B. Se depois de virar o disco tocasse a mesma música, era extremamente desagradável, enfadonho, chato e o ouvinte sentia-se defraudado, no direito de reclamar. Daí ficou a expressão "vira o disco e toca o mesmo", que ainda hoje se aplica, sempre num sentido depreciativo.
Agora, nos dias que correm, a música é outra. Senão vejamos: antigamente, uma frase comum no futebol internacional dizia que o “futebol é onze contra onze e no fim ganha a Alemanha”. Nos últimos anos, esta frase deveria ser já muito diferente e deveria ser quase símbolo para classificar e adjectivar o percurso de um homem, rodeado por outros homens, que lidera muitos homens e sabe gerir tudo à volta desses homens. Actualmente, a frase referida atrás deveria dizer o seguinte: “no futebol são onze contra onze e no fim, ganha Mourinho!”. Neste aspecto, vira o disco e toca o mesmo. Sempre fiel aos seus princípios de jogo, o Inter jogou como bem sabe, oferecendo a bola aos pupilos de Van Gaal, controlando o jogo em detrimento da bola, e em transições ofensivas onde a referência foi sempre o militante guerreiro deste Inter, Diego Milito. O Bayern caiu na teia montada pelo Inter e Mourinho ganhou as 3 competições onde esteve envolvido. Enfim, mais do mesmo!
A NOSSA SELECÇÃO, apoiada por Covilhanenses e por quem visita a nossa cidade, gera um clima de euforia e emoção em seu redor de todo assinalável. As bandeiras estão a aumentar, as vuvuzelas ouvem-se em todo e qualquer lado, as camisolas e cachecóis já fazem parte do vestuário de cada um. E porque convém não esquecer, não gostava de ver repetida na Covilhã a história (triste e desagradável) que se viu em Coimbra, num jogo de preparação da Selecção. O treino de Domingo, com 4 mil pessoas, foi naturalmente curto para quem pensou que ia ver remates, cruzamentos, golos e grandes defesas. Mas atenção: Portugal treinou de manhã e porque foi à porta fechada, “acertou” a agulha para o jogo de ontem (2ª feira), e por isso, no treino da tarde antes do jogo com Cabo Verde, não se podia pedir mais a nível de treino, daí que os 40 minutos de futvólei tenham deixado muita gente “irritada”. Queiroz até podia ter realizado momentos de organização ofensiva sem oposição, rotinas, circulações ou até esquemas tácticos, mas com treino aberto e órgãos de comunicação social de todo o lado, o segredo é mesmo a alma “deste” negócio. E não esperem ter nos treinos abertos momentos de extrema concentração táctico-estratégica a nível da organização de jogo da selecção. Isso vai trabalhar-se “fechado”. Por isso, o desenrolar dos trabalhos da selecção vão ser “vira o disco e toca o mesmo”, no que diz respeito à abertura e/ou encerramento dos treinos. E já agora, não façam deste assunto, o “assunto”.
No futsal nacional, Alpendorada e Fundão obrigaram Sporting e Benfica a 3 jogos. Se o Alpendorada foi duplamente goleado, o Fundão, que em casa tinha perdido na “lotaria” das grandes penalidades, ganhou na Luz no Sábado e no Domingo, obrigou a 3º jogo a quem tinha dito que não apetecia trabalhar ao Domingo. Depois, foi o que já se sabe, porque a música para quem equipa de vermelho é sempre diferente da música para quem equipa de branco, e por isso, “virou o disco e tocou o mesmo”. Grande época da Desportiva do Fundão, que nada envergonha perder, em 3 jogos, o acesso à meia-final do campeonato, perdendo com o campeão europeu de clubes que esta época ainda não tinha perdido em casa.
No feminino, a AD Estação não alcançou os seus objectivos. Marcar, em dois jogos com a Golpilheira, 9 golos, deveria ser mais que suficiente para as vencer duas vezes, mas sofrer 12 (!), é inevitável não perder. A nossa organização defensiva meteu férias demasiado cedo, a nossa desconcentração esteve eficaz e o nosso rigor individual e colectivo foi inferior ao mínimo normal/habitual. As nossas capacidades não estiveram na sua plenitude. Resta, mais uma vez, ficar a ver de fora o desenrolar da taça nacional. E não deveria ser assim!!! Obrigado aos que nos apoiaram, aos muitos que nos ajudaram e a todos os que contribuíram para alimentar o objectivo a que nos propusemos.
REFERÊNCIAS:
1. Mourinho vai mesmo ser real em Madrid. E vai ser rei! Porque vira o disco…
2. Dei por mim a elaborar a conjugação verbal da crise financeira mundial: eu crise, tu crise, ele crise, nós crise, vós crise, eles crise. Saúde e cara alegre!
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