Nem sei como passar para palavras tamanha estupefacção. Uma coisa é especulação outra é a constatação de factos. Desde algum tempo a esta parte que todos temos conhecimento do processo Apito Dourado e dos desenvolvimentos (ou diremos antes interrupções intencionais?) que o processo nos deu a conhecer. Como se já não bastasse toda a especulação que rodeou as famosas “escutas telefónicas”, agora temos disponível, em grande qualidade (!), aquilo que parece ser a originalidade das escutas do processo. As vozes, os conteúdos, as intenções e a premeditação de actos desportivos. Prognósticos, para alguns, eram decididos mesmo antes do jogo (!). Arrisco a dizer que ao fim deste tempo todo, a única prisão efectiva que vai ocorrer é de quem colocou aqueles “vídeos/áudio” na internet, porque todos os outros, é como se nada se passasse! Como é que isto é possível!? Enfim… Algumas das escutas telefónicas que foram usadas no processo Apito Dourado estão disponíveis na internet através do site “YouTube”. Não existe grande novidade nas conversas - grande parte já transcrita na comunicação social - mas nas curtas transmissões é possível ouvir as conversas do presidente do FC Porto com Pinto de Sousa, António Araújo, Valentim Loureiro e Antero Henrique, e ainda conversas de João Loureiro, antigo presidente do Boavista FC, Jacinto Paixão, Augusto Duarte, entre outros. Aqui fica um breve retrato do que até agora de mais interessante se passou.
20 de Abril de 2004 - É desencadeada uma operação na qual dezasseis pessoas foram detidas, entre dirigentes e árbitros, incluindo o presidente da Liga de Clubes e da Câmara Municipal de Gondomar, Valentim Loureiro, o líder da arbitragem da FPF, Pinto de Sousa, e o presidente do Gondomar SC e vice-presidente da Câmara de Gondomar, José Luís Oliveira. 24 Abril de 2004 - Valentim Loureiro sai em liberdade, após pagar uma caução de 250 mil euros e ser proibido de contactar os co-arguidos. 2 de Dezembro de 2004 - A PJ desloca-se a casa de Pinto da Costa, com mandados de busca e detenção, mas não encontra o dirigente. O árbitro Jacinto Paixão é detido no âmbito da investigação de um alegado esquema com prostitutas após o jogo FC Porto-Amadora, bem como Augusto Duarte, José Chilrito e Manuel Quadrado e o empresário António Araújo. 3 de Dezembro de 2004 - Pinto da Costa comparece no Tribunal de Gondomar. O presidente portista é interrogado, saindo em liberdade mediante uma caução de 200 mil euros. 1 de Dezembro de 2006 - A publicação do livro "Eu, Carolina", da autoria da ex-companheira de Pinto da Costa, Carolina Salgado, volta a dar notoriedade ao caso «Apito Dourado», ao revelar várias acusações. 14 de Dezembro de 2006 - O Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, nomeia Maria José Morgado como coordenadora do caso «Apito Dourado», com poderes para reabrir processos. 22 de Junho de 2007 - O presidente do FC Porto é acusado de corrupção desportiva activa, no Nacional-Benfica da época 2003/04, depois de ter sido constituído arguido nos casos dos jogos Porto x Amadora e Beira Mar x Porto. 28 de Fevereiro de 2008 - Valentim Loureiro é pronunciado, juntamente com o filho João Loureiro, por corrupção desportiva activa. Em causa está a arbitragem do jogo Boavista x Porto. O árbitro Jacinto Paixão e o observador da Liga Pinto Correia também irão a julgamento. 25 de Março de 2008 - Jorge Nuno Pinto da Costa é pronunciado, juntamente com António Araújo, por corrupção desportiva activa. Em causa está a arbitragem do jogo Beira Mar-FC Porto. O árbitro Augusto Duarte foi também pronunciado mas pelo crime de corrupção passiva. Maio de 2009 - Jorge Nuno Pinto da Costa é ilibado de todas as acusações. 14 de Setembro de 2009 - O Tribunal Administrativo de Lisboa determinou que as certidões das escutas telefónicas ao presidente da União de Leiria, João Bartolomeu, no âmbito do processo “Apito Final”, lhe fossem devolvidas. Foi ainda considerado nulo o acórdão do Conselho de Justiça sobre a mesma matéria, tratando-se de uma derrota da Comissão Disciplinar da Liga, mas também do Conselho de Justiça da FPF, com o Tribunal Administrativo de Lisboa a considerar definitivamente ilegal a utilização das escutas telefónicas do Apito Dourado, no âmbito do processo de corrupção desportiva Apito Final. Com esta decisão, de que já não há recurso, o FC Porto e o seu presidente Pinto da Costa, a quem foram aplicados pela justiça desportiva a perda de seis pontos no campeonato de 2007/08 e uma suspensão de dois anos ao dirigente, podem solicitar a anulação dos castigos. Do mesmo modo, o Boavista, que desceu à Liga de Honra, decisão tomada também com base nas escutas telefónicas, poderá igualmente apelar. 25 de Janeiro de 2010 – relativamente a este processo, não se passa nada! Está tudo bem! Ninguém teve culpa de nada e as escutas de nada servem, até porque, as supostas conversas não tinham a intenção que realmente tinham mas que dizem que não tinham porque não tinham intenção. Percebem? Eu também não…
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