terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Fair Play financeiro

A noção de Fair Play significa muito mais do que o simples respeitar das regras. Importa o sentido de amizade, de respeito pelo outro, de espírito desportivo e sobretudo um modo de pensar, não simplesmente um comportamento ou forma de agir. O conceito engloba a luta contra a batota, a arte de usar a astúcia dentro do respeito das regras, o doping, a violência (tanto física como verbal), a desigualdade de oportunidades e a tão famosa (infelizmente) corrupção. Devemos por isso entender o conceito de Fair Play como algo positivo, que enriquece a comunidade desportiva em todo o mundo, de forma a desenvolver-se plenamente, agindo em conformidade com valores éticos de respeito pelos outros. É importante o Fair Play deixar de ser um conceito para se tornar uma forma de ser e estar natural e aceite por todos como um princípio fundamental no desporto. É essencial para o êxito da promoção e do desenvolvimento e envolvimento no desporto. A lealdade no desporto é benéfica para o indivíduo, as organizações desportivas e a sociedade no seu todo. É da nossa responsabilidade promover este espírito.

E como estimular, promover e implementar essa lealdade e esse respeito de um modo “financeiro”? Em Setembro de 2009, o Conselho Estratégico para o Futebol Profissional, que é constituído por representantes de “Ligas Europeias de Futebol Profissional”, “FIFPro Europe”, “Associação de Clubes Europeus” e pelos vice-presidentes da UEFA, fez uma recomendação à UEFA no sentido de ser aprovado um projecto designado “Financial Fair Play” – (Fair Play financeiro). Este novo conceito visa o equilíbrio e a justa competitividade financeira entre os clubes europeus.

A forma de alcançar este objectivo passa pela implementação de uma série de medidas que o Conselho Estratégico para o Futebol Profissional considera cruciais para desenvolver o futebol europeu de uma forma sustentável. Estas medidas terão um alcance superior ao já implementado sistema e licenciamento de clubes e pretendem a longo prazo estimular o investimento através da formação de jovens jogadores e o desenvolvimento das instalações desportivas, terminando com os avultados gastos especulativos que actualmente se verificam no futebol mundial. As principais medidas a tomar seriam no sentido de impedir que os clubes gastem mais do que o total de receitas geradas, através de fiscalização e aconselhamento financeiro a clubes que apresentem resultados operacionais negativos repetidamente, controlar os valores pagos a jogadores em salários e transferências, através de fiscalização e aconselhamento, controlar os níveis de endividamento dos clubes através de indicações e aconselhamento, para que possam apresentar um desenvolvimento financeiro sustentável e limitar o número de jogadores em cada plantel, contribuindo dessa forma para reduzir custos, nomeadamente em salários e transferências. Os objectivos parecem pequenos e facilmente atingíveis mas quando se fala de vencer por vezes esquece-se o rigor orçamental e cometem-se loucuras que, após meses ou anos, originam danos irreparáveis e por vezes o encerramento/desaparecimento de clubes/instituições desportivas torna-se uma realidade. O aconselhamento é importante mas a fiscalização é determinante. Custe o que custar, doa a quem doer. A finalidade deste projecto é poder implementar racionalidade e disciplina nas finanças do futebol. Estas medidas envolvem federações, ligas de futebol profissionais, jogadores, mas principalmente clubes.

REFERÊNCIAS:

  1. Seriedade e racionalidade nas contas;
  2. Investimento puro na formação, dos 0 aos 18-21 anos, envolvendo as instituições escola, federações, clubes e autarquias;
  3. Rentabilização do “produto interno” em detrimento do “importado”;
  4. Santos da casa também fazem milagres. Basta que alguém acredite neles!

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