sexta-feira, 23 de abril de 2010

Os “santos da casa” e os “milagres”

Vemos por essa Europa fora treinadores, equipas técnicas, atletas e demais intervenientes no fenómeno desportivo relacionado com o futebol e o futsal de nacionalidades diferentes do país onde trabalham. Em Portugal, se a memória não me atraiçoa, apenas duas equipas da Liga Sagres não são comandadas por técnicos portugueses – Marítimo e Leixões. Os demais 14 clubes são orientados por “gente da nossa terra”. Quando os resultados não acompanham as pretensões, facilmente (e naturalmente) se aponta o dedo a quem comanda.

Na nossa vizinha Espanha, após o rescaldo de uma derrota que demonstrou a (enorme) superioridade do Barcelona relativamente ao Real Madrid. Naturalmente, Manuel Pellegrini, não sendo espanhol e muito menos da casa, não faz milagres. Guardiola, santo da casa, vai fazendo “milagres” e que maravilha de “milagres”. Para Madrid, fala-se de “santos” que orientem aqueles “deuses galácticos” do futebol mundial. Fala-se em José Mourinho, “nosso santo”, e ou muito me engano ou acredito mesmo que não sendo da casa, em Madrid iria fazer milagres. O futebol do Barcelona não se discute. E não se trata de saber se Lionel Messi é melhor do que Cristiano Ronaldo. Trata-se de concluir que o Barcelona é muito melhor do que o Real Madrid e de prestar tributo a uma equipa que está pronta a ganhar a I Liga e a Champions, tal qual como fez em 2009. Superior qualidade de um jovem treinador chamado Pep Guardiola - compadre de Luís Figo - que muitos já comparam a Johan Cruyff pelo estilo de liderança, pelo tom de voz, pela magreza do corpo, e, sobretudo, pela sabedoria. Em Camp Nou, estádio do Barça, sempre que há jogo pode ler-se em catalão numa das maiores bancadas “més que un club” [mais do que um clube]. Apetece dizer que Guardiola é “més que un entrenador” [mais do que um treinador]. O Barcelona não ganhou apenas um jogo na casa do eterno rival – Real Madrid. O Barça fez história porque nunca tinha ganho duas vezes consecutivas no Santiago Bernabéu (e se lhe juntarmos o inesquecível 6-2 da última época, mais impressionante se torna). Não basta ao Real ter Cristiano, Higuain e os demais intervenientes. Com 300 milhões de euros investidos esta época (!), o clube está fora da Champions, da Taça do Rei e vai manter a esperança pela Liga Espanhola, que dificilmente o Barça deixará escapar. Para o Real Madrid, o treinador também tem que ser “mais que um treinador”. Precisa o clube de alguém como o nosso Mourinho para estabilizar o clube, o plantel, os jogadores, a equipa, os adeptos, sócios, simpatizantes e o mundo do futebol.

REFERÊNCIAS:

1. Jesus, o Jorge, é da casa e não estando quase a fazer um milagre, vai levando o Benfica ao ambicionado objectivo – o título de campeão nacional.

2. Jesualdo Ferreira foi santo da casa e milagreiro durante 4 épocas mas arrisco a dizer que no final desta época vai procurar outra “freguesia para pregar”.

3. Paulo Bento já era, Carlos Carvalhal está a caminho e para bem do Sporting, a contratação do próximo treinador deverá ser um português, caso contrário, adaptação, conhecimento e rendimento vão demorar o tempo necessário para os outros adversários se distanciarem na luta pelo próximo título de campeão.

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