Sendo o jogo (de futebol ou futsal) uma actividade com carácter de oposição e cooperação significa que necessita de organização (colectiva, sectorial e individual). A toda a dimensão da organização está subjacente a dimensão táctica, que segundo Maças e Brito (sd), deve assumir a preocupação dominante no ensino do jogo, onde a capacidade de observação, análise e interpretação das situações de jogo e acima de tudo a capacidade de decisão, devem orientar os pressupostos fundamentais da aprendizagem do jogo. Querem os autores sublinhar que mais que ensinar a executar, importa ensinar a observar (ler) o jogo e ensinar a decidir.
O “complicómetro” no ensino da tomada de decisão liga-se quando no processo de formação, esta preocupação simplesmente não existe. O “complicómetro” desliga-se se o inverso for real e verdadeira preocupação. Maças e Brito (sd) referem que “a competência base de todo este processo de aprendizagem está centrada na capacidade de decisão que é necessário promover nos jogadores”. Pode parecer simplesmente que o importante é decidir, mas fundamental é decidir em função de um conjunto de regras da organização estrutural e funcional do jogo, determinadas pela ideia e concepção de jogo do treinador. Ou seja, o “descomplicómetro” é decidir em função de um contexto específico, neste caso, um jogo de futebol. E porque logo no futebol de formação o apelo à capacidade de decisão dos seus intervenientes é uma constante, as actividades de preparação dos atletas devem incidir no ensino das execuções motoras (técnicas e tácticas contextuais) em contexto de decisão específico. Cada vez mais continua a parecer-me incorrecto a sistemática abordagem às dimensões do jogo de forma isolada. Cada vez mais autores têm contribuído para inverter esta tendência, apelando à necessidade de centrar a nossa atenção no conhecimento do jogo (dimensão táctica) e da preponderância do ensino da tomada de decisão no contexto específico das variáveis estruturantes da lógica organizacional dos jogos desportivos colectivos (Dietrich (1978); Queiroz (1986); Garganta (1998); Garganta e Pinto (1998); Silveira Ramos (2002), entre outros. As dificuldades, mais que em perceber e aceitar como importante está em operacionalizar através das metodologias utilizadas. Actualmente, muitos treinadores o conseguem operacionalizar. Actualmente, o treino e o treinador têm mais qualidade e isso reflecte-se no futebol de formação, com equipas visivelmente organizadas e com princípios colectivos e individuais que, à uns anos a esta parte, eram inexistentes em algumas equipas. A diferença está em quem planifica e sistematiza, existindo agora um maior rigor e especificidade na construção e aplicação dos exercícios para o ensino do jogo como um todo, mais importante que a soma isolada das suas partes. Agora, que esta preocupação já existe, devem os treinadores deixar de ser o “comando” dos “jogadores” durante o jogo (vai por ali, vem por aqui, passa, remata, cruza, chuta, salta – entre tantos outros feedback’s) para serem o “comando” aquando da planificação. Como? Promovendo e implementando exercícios que levem à tomada de decisão única e exclusivamente individual por parte do jogador, independentemente da idade/escalão/equipa/competição/clube. A preocupação deve recair nas tarefas de decisão. Thorpe (1992), citado por Maças e Brito (sd) refere a este propósito que “é possível haver um bom nível de jogo com técnicas fracas, desde que a abordagem à modalidade realce em primeiro lugar o conhecimento táctico, sendo os pressupostos técnicos considerados num plano secundário para encontrar uma solução / resposta ao problema táctico identificado”, isto é, fraca qualidade técnica com forte capacidade de decisão no contexto específico do jogo resulta num rendimento de qualidade. Torna-se por isso fundamental que, desde os primeiros momentos de aprendizagem do jogo, os jogadores da formação assimilem um conjunto de princípios tácticos para melhor responderem às solicitações que o jogo lhes coloca. Vikers (2000), citado pelos mesmos autores, confirma esta importância ao destacar que “os exercícios baseados na tomada de decisão promovem, a longo prazo, melhores resultados na capacidade de adaptação às exigências do jogo. Já no curto prazo, o ensino tradicional centrado nos comportamentos estereotipados (técnicas) apresentam vantagens aparentes, numa fase inicial da aprendizagem, não sendo confirmadas, mais tarde, na capacidade de interpretação do jogo”. É assim competência do treinador dispor de várias estratégias para implementar os exercícios de treino orientados para a capacidade de decisão dos jogadores, colocando os jogadores em situações reais de jogo para aprenderem a escolher as decisões que devem tomar num contexto concreto e específico de competição. Como refere Maças e Brito (sd), “o importante é definir os aspectos críticos da decisão a tomar para que os jogadores possam antecipar uma resposta em tais condições”.
REFERÊNCIAS:
1. Bons pensamentos, boas dúvidas, boas planificações/sistematizações, bons treinos, boas decisões!
O “complicómetro” no ensino da tomada de decisão liga-se quando no processo de formação, esta preocupação simplesmente não existe. O “complicómetro” desliga-se se o inverso for real e verdadeira preocupação. Maças e Brito (sd) referem que “a competência base de todo este processo de aprendizagem está centrada na capacidade de decisão que é necessário promover nos jogadores”. Pode parecer simplesmente que o importante é decidir, mas fundamental é decidir em função de um conjunto de regras da organização estrutural e funcional do jogo, determinadas pela ideia e concepção de jogo do treinador. Ou seja, o “descomplicómetro” é decidir em função de um contexto específico, neste caso, um jogo de futebol. E porque logo no futebol de formação o apelo à capacidade de decisão dos seus intervenientes é uma constante, as actividades de preparação dos atletas devem incidir no ensino das execuções motoras (técnicas e tácticas contextuais) em contexto de decisão específico. Cada vez mais continua a parecer-me incorrecto a sistemática abordagem às dimensões do jogo de forma isolada. Cada vez mais autores têm contribuído para inverter esta tendência, apelando à necessidade de centrar a nossa atenção no conhecimento do jogo (dimensão táctica) e da preponderância do ensino da tomada de decisão no contexto específico das variáveis estruturantes da lógica organizacional dos jogos desportivos colectivos (Dietrich (1978); Queiroz (1986); Garganta (1998); Garganta e Pinto (1998); Silveira Ramos (2002), entre outros. As dificuldades, mais que em perceber e aceitar como importante está em operacionalizar através das metodologias utilizadas. Actualmente, muitos treinadores o conseguem operacionalizar. Actualmente, o treino e o treinador têm mais qualidade e isso reflecte-se no futebol de formação, com equipas visivelmente organizadas e com princípios colectivos e individuais que, à uns anos a esta parte, eram inexistentes em algumas equipas. A diferença está em quem planifica e sistematiza, existindo agora um maior rigor e especificidade na construção e aplicação dos exercícios para o ensino do jogo como um todo, mais importante que a soma isolada das suas partes. Agora, que esta preocupação já existe, devem os treinadores deixar de ser o “comando” dos “jogadores” durante o jogo (vai por ali, vem por aqui, passa, remata, cruza, chuta, salta – entre tantos outros feedback’s) para serem o “comando” aquando da planificação. Como? Promovendo e implementando exercícios que levem à tomada de decisão única e exclusivamente individual por parte do jogador, independentemente da idade/escalão/equipa/competição/clube. A preocupação deve recair nas tarefas de decisão. Thorpe (1992), citado por Maças e Brito (sd) refere a este propósito que “é possível haver um bom nível de jogo com técnicas fracas, desde que a abordagem à modalidade realce em primeiro lugar o conhecimento táctico, sendo os pressupostos técnicos considerados num plano secundário para encontrar uma solução / resposta ao problema táctico identificado”, isto é, fraca qualidade técnica com forte capacidade de decisão no contexto específico do jogo resulta num rendimento de qualidade. Torna-se por isso fundamental que, desde os primeiros momentos de aprendizagem do jogo, os jogadores da formação assimilem um conjunto de princípios tácticos para melhor responderem às solicitações que o jogo lhes coloca. Vikers (2000), citado pelos mesmos autores, confirma esta importância ao destacar que “os exercícios baseados na tomada de decisão promovem, a longo prazo, melhores resultados na capacidade de adaptação às exigências do jogo. Já no curto prazo, o ensino tradicional centrado nos comportamentos estereotipados (técnicas) apresentam vantagens aparentes, numa fase inicial da aprendizagem, não sendo confirmadas, mais tarde, na capacidade de interpretação do jogo”. É assim competência do treinador dispor de várias estratégias para implementar os exercícios de treino orientados para a capacidade de decisão dos jogadores, colocando os jogadores em situações reais de jogo para aprenderem a escolher as decisões que devem tomar num contexto concreto e específico de competição. Como refere Maças e Brito (sd), “o importante é definir os aspectos críticos da decisão a tomar para que os jogadores possam antecipar uma resposta em tais condições”.
REFERÊNCIAS:
1. Bons pensamentos, boas dúvidas, boas planificações/sistematizações, bons treinos, boas decisões!
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