terça-feira, 18 de novembro de 2008

no feminino nos (des)entendemos

Têm que concordar comigo que seja qual for a modalidade desportiva, o jogo desportivo colectivo ou individual, no Feminino, tem as suas características muito próprias e distintas da mesma modalidade do jogo desportivo colectivo ou individual quando no Masculino. Deixem-se de apelidar o desporto no feminino em “sexo fraco”, “sexo de diamante” ou o “parente pobre do masculino”. Nada disso! O desporto no Feminino tem particularidades muito próprias e distintas do Masculino, e por isso, existem razões de sobra para olhar para o desporto no Feminino com particular atenção. Há por isso a necessidade de analisarmos a modalidade no Feminino para, conhecendo a realidade e as suas particularidades, fazer das fraquezas (se existirem) forças e após analisar ao pormenor o detalhe, trabalhar com qualidade de forma a melhorar. Lamentar, jamais, e é uma palavra que não me cabe no dicionário. O Futsal Feminino tem, naturalmente, as suas próprias particularidades e características (naturalmente, distintas do Futsal Masculino). Na globalidade, se o jogo é encarado do mesmo modo, o treino também o deve ser. Devemos ter em conta um Modelo de Jogo, de Treino, de Atleta e de Clube e ao juntar as valências que temos ao dispor, construir uma equipa no verdadeiro sentido da palavra. No Futsal Feminino, as acções individuais são menos explosivas e se a capacidade de resistir ao esforço se pode considerar semelhante, o mesmo não se pode dizer da velocidade de execução. Contudo, a capacidade de percepção e a tomada de decisões estão no mesmo patamar. E se tivermos em linha de conta que a menstruação implica um maior controlo do treino e do jogo, então a nível fisiológico é muito distinto do Masculino. Se a nível cognitivo a facilidade em assimilar processos é semelhante (ou por vezes maior), esta pode ser uma particularidade determinante no treino e no jogo pois, embora a percepção da acção esteja definida, a reacção à mesma é menor e por isso, a nível táctico-estratégico, interfere na organização colectiva. A nível defensivo, por exemplo, a intensidade é menor, as coberturas à bola têm que ser uma constante e parece-me que o método defensivo mais indicado será a zona mista, facilitando permutas na marcação. Em termos ofensivos, a título de exemplo, a variabilidade de soluções nas diversas estruturas adoptadas podem ser determinantes, levando a que as Atletas tomem a melhor decisão em função do momento. Independentemente das particularidades, tenho a convicção que o conhecimento do jogo é primordial e fundamental para que todo o processo resulte no que queremos: formar em vitória! Estive por estes dias (Janeiro de 2007) em Fátima, no “VIII Torneio Inter-Associações de Futsal Feminino Sub/19”, organizado pelo Departamento de Futebol e Formação da Federação Portuguesa de Futebol, representando a Selecção Distrital da Associação de Futebol de Castelo Branco. E porque o que me preocupa somos nós e não os outros, acabemos de uma vez por todas com a ilusão que ainda existe nalguns clubes e/ou pessoas a ilusão do aclamado Campeonato Nacional de Futsal Feminino. Meus senhores e minhas senhoras, isso é uma mera ilusão. Quando a Federação Portuguesa de Futebol se propõe organizar um Inter-Associações de Futsal Feminino sem que a Federação tenha, no seu Departamento de Futebol e Formação, qualquer Selecção de Futsal Feminino, então só nos podemos questionar o porquê deste Torneio, quais os seus objectivos e o porquê de tanta gente (iludida) lutar pelo Campeonato Nacional de Futsal Feminino. Para mim a resposta é clara: este Torneio serve de observação para a Selecção Nacional de Futebol de 11 Feminino. Inadmissível pensarão vocês, absurdo e despropositado digo eu. Não me parece que a Federação esteja interessada em terminar com a Selecção de Futebol de 11 e por isso, parece-me a mim que não há a mínima intenção de criar o Campeonato Nacional de Futsal Feminino. E se existem ou não incompatibilidades, só a Federação pode responder, pois para mim não há! Nem para mim, nem para quem ainda acredita que isso seja possível. Assim, da Federação à nossa Associação, eis o reflexo de tal questão. Olhemos para os nossos quadros competitivos no Futsal Feminino e retiremos deles uma conclusão. Lanço o desafio, a questão e a dúvida, e estarei pronto a partilhar a minha opinião. O pensamento nasce com a dúvida…


REFERÊNCIAS:

1. Escreve a Federação Portuguesa de Futebol que, e passo a citar: “Os Torneios Nacionais Inter-Associações integram-se no processo metódico, regular e sistemático de desenvolvimento qualitativo e quantitativo do futebol português”. Ainda não entendi o que há para desenvolver no Futsal Feminino sem Selecções de Futsal Feminino e sem Campeonato Nacional. É que a Taça Nacional é pouco…

2. Depois de uma má colheita, também é preciso semear!

3. Quando o bailarino não sabe dançar, é a sala que está torta. As coisas poderiam correr bem melhor com decisões mais adequadas para cada circunstância específica.

(Este artigo foi escrito e publicado no Jornal "Tribuna Desportiva" na edição de 16 de Janeiro de 2007)

Sem comentários: