quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

No feminino nos (des)entendemos

A 16 de Janeiro de 2007, aqui neste mesmo local, escrevi o seguinte a propósito do desporto no Feminino e do Futsal em particular: “E porque o que me preocupa somos nós e não os outros, acabemos de uma vez por todas com a ilusão que ainda existe nalguns clubes e/ou pessoas do aclamado Campeonato Nacional de Futsal Feminino. Meus senhores e minhas senhoras, isso é uma mera ilusão. Quando a Federação Portuguesa de Futebol se propõe organizar um Inter-Associações de Futsal Feminino sem que a Federação tenha, no seu Departamento de Futebol e Formação, qualquer Selecção de Futsal Feminino, então só nos podemos questionar o porquê deste Torneio, quais os seus objectivos e o porquê de tanta gente (iludida) lutar pelo Campeonato Nacional de Futsal Feminino. Para mim a resposta é clara: este Torneio serve de observação para a Selecção Nacional de Futebol de 11 Feminino. Inadmissível pensarão vocês, absurdo e despropositado digo eu. Não me parece que a Federação esteja interessada em terminar com a Selecção de Futebol de 11 e por isso, parece-me a mim que não há a mínima intenção de criar o Campeonato Nacional de Futsal Feminino. E se existem ou não incompatibilidades, só a Federação pode responder, pois para mim não há! Nem para mim, nem para quem ainda acredita que isso seja possível. Assim, da Federação à nossa Associação, eis o reflexo de tal questão. Olhemos para os nossos quadros competitivos no Futsal Feminino e retiremos deles uma conclusão”. Feliz ou infelizmente, mas temos que aceitar pois é o que temos, a nossa Federação Portuguesa de Futebol não demonstra interesse pela prática e desenvolvimento do Futsal no geral e no Feminino em particular. Existe em Portugal uma excesiva mediatização do Futebol quando comparado com outras modalidades desportivas.

Segundo dados fornecidos pela FPF referentes à época desportiva 05/06, no Futebol de 11 Feminino havia inscritas 1.293 atletas federadas, no Futebol de 7 Feminino havia 456 atletas federadas e no Futsal Feminino havia somente 3.649 atletas federadas. Estes são evidentemente números bem demonstrativos da proporção dos praticantes no Feminino, e se nem mesmo estes números são suficientes para a Federação pensar na criação do Campeonato Nacional de Futsal Feminino e na Selecção Nacional de Futsal Feminino, o que será preciso mais? Escreve a Federação Portuguesa de Futebol que, e passo a citar: “Os Torneios Nacionais Inter-Associações integram-se no processo metódico, regular e sistemático de desenvolvimento qualitativo e quantitativo do futebol português”. Ainda não entendi o que há para desenvolver no Futsal Feminino sem Selecções de Futsal Feminino e sem Campeonato Nacional. É que as desproporcionais e nada competitivas competições distritais e a participação na Taça Nacional é muito pouco. Agora, como se a Federação não tivesse dado já sinais do seu desinteresse, “conseguiu” levar consigo as Associações de Futebol. Ou seja, os órgãos que regem as competições distritais e que podem e devem levar junto da Federação os interesses dos clubes, começam agora a proceder em sentido contrário. Vamos (Associações) levar junto dos clubes, os interessese da Federação. Refiro-me neste caso em maior detalhe ao Comunicado Oficial Nº62 da nossa Associação de Futebol, que para conhecimento de todos, entende que se deve equacionar a participação no Torneio Inter-Associações de Futebol 7 Feminino Sub/17. Para que tal seja possível, e porque apenas existe uma equipa de Futebol Feminino a competir no nosso Distrito (inserida em competições masculinas) e não existem quadros competitivos no Futebol Feminino, vem a Associação pedir ao Futsal que referencie as atletas para a Selecção de Futebol Feminino, alegando alguns pontos. Ponto 1: a inexistência de Selecção Nacional de Futsal Feminino (façam chegar junto da Federação as intenções dos clubes para a criação da mesma porque o nosso distrito tem honra, prestígio e resultados, incluindo atletas vice-campeãs nacionais); Ponto 4: é usual em todos os distritos as atletas de futsal participarem nas selecções distritais de futebol (lamento concordar mas lamento não se procurar nos outros distritos o que de bom se faz em prol do futsal feminino, e há por aí distritos, associações e competições bem interessantes); Ponto 6: é de vital importância dar às nossas atletas do distrito mais oportunidades de competir a outros níveis e noutras realidades (não podia concordar mais! Então, porque não impulsionar o desenvolvimento do Futsal Feminino?).

Vejam as diferenças no número de atletas federadas e acredito cada vez mais que se deve insistir junto da Federação para a criação do Campeonato Nacional de Futsal Feminino e da Selecção Nacional. Sabemos que não depende apenas da vontade e intenção da nossa Associação, mas ao proporcionar e divulgar este comunicado, reflecte um claro sentido desportivo em detrimento de outro. Não posso deixar de ser crítico para com este comunicado e a sua intenção. Não quero contudo deixar de esclarecer que não é culpa da nossa Associação que o Futsal Feminino seja tão desequilibrado a nível distrital, mas é culpa da nossa Associação promover de forma tão declarada o desinteresse no Futsal Feminino.

(Este artigo foi publicado no Jornal Tribuna Desportiva, na sua edição de 17 de Fevereiro de 2009)

1 comentário:

Anónimo disse...

Como faço para saber se uma tleta é federada no futsal femnino?
Tem algum site, ou telefone o qual posso consultar??

Aguardo resposta.