quarta-feira, 4 de março de 2009

lesão tem (na maioria dos casos) solução

Com o aproximar do final de época, lesões, castigos, suspensões e até doenças “comuns” do nosso dia-a-dia aparecem e fazem parte da gestão de uma equipa desportiva, seja qual for a modalidade. São imprevistos que não deixam ninguém indiferente e sobretudo obriga a quem gere os recursos humanos capacidade de reacção e resposta positiva a estes contra-tempos. Também com o decorrer dos anos e o evoluir das exigências que semanalmente se deparam a atletas e treinadores, um dos principais factores a ter em linha de conta são as lesões, a forma como elas aparecem e o método mais rápido e ao mesmo tempo mais eficaz para que fiquem debeladas e os atletas estejam novamente a 100%, à disposição do Treinador e do processo de treino. E porque o treino é criação de hábitos e rotinas, se o atleta não treinar, vai perder hábitos e rotinas. E se o atleta treinar menos vezes, rende menos e o rendimento colectivo ressente-se. Na globalidade, a lesão deve ser encarada como natural e a sua recuperação total como fundamental. E falo em recuperação não apenas funcional, mas mental e psicológica pois um atleta funcionalmente recuperado mas mentalmente ainda ressentido não contribui com todas as suas qualidades para o jogar colectivo. Torna-se importante que os intervenientes no processo de treino e na gestão da sua operacionalização possuam conhecimentos básicos relativamente ao que não se deve fazer para não agravar o acidente desportivo e possuir ainda conhecimentos quanto à prevenção de lesões, já que deste modo é possível reduzir a sua incidência.
Se existe lesão que preocupa atletas e treinadores em função da sua sintomática persistência na incapacidade funcional, é a pubalgia. Todos a conhecem, todos falam dela como se fosse uma coisa normal que passa com “gelo” e repouso mas a verdade é que a pubalgia é muito mais que isso.
A pubalgia caracteriza-se por uma dor, persistente e incapacitante, na região púbica (zona de união dos dois ossos que constituem a bacia). É uma lesão frequente nos futebolistas mas pode afectar todos os desportistas cuja actividade implique movimentos repetidos de corrida, movimentos com mudanças bruscas de direcção e movimentos de apoio num só pé (como por exemplo no momento do remate). A pubalgia resulta de desequilíbrios musculares, dos já referidos movimentos estereotipados e até mesmo de alterações posturais como lordose lombar ou um membro inferior maior que o outro. Resumidamente, quando os músculos que passam pela bacia e mobilizam o membro inferior não têm um desenvolvimento equilibrado, as tensões na sínfise púbica aumentam, podendo desencadear lesões nas inserções dos tendões, dando origem à pubalgia. Embora cada caso seja um caso, a melhor forma de tratar e prevenir a pubalgia será reduzir ou interromper a actividade desportiva que originou a lesão, corrigir as diferenças posturais que possam existir, aumentar a capacidade de alongamento dos músculos que apresentam rigidez utilizando técnicas passivas e activas específicas e aumentar a força dos músculos menos desenvolvidos e fundamentais para a estabilidade da cintura pélvica e coluna lombar: abdominais oblíquos. O tratamento inicial é por norma conservador. Repouso completo e administração de anti-inflamatórios para aliviar a dor são efeitos usualmente temporários e os sintomas retornam com as actividades. A fase final inclui normalmente a implementação de actividades relacionadas ao gesto desportivo específico e gradual retorno à actividade desportiva competitiva. A intervenção cirúrgica é também uma opção, quando o tratamento conservador ou preventivo não se revela suficiente. Essencial e muito importante é o acompanhamento pessoal, terapêutico e clínico de um médico ou fisioterapeuta em todo o tratamento.

REFERÊNCIAS:

  1. Pubalgia é uma lesão desportiva e não o fim da actividade desportiva. Previne-se, trata-se e o regresso à actividade desportiva acontece de forma gradual.
  2. Treinador não é Médico ou Fisioterapeuta e como tal, cada um com a sua área de competência e com as suas responsabilidades, mas nunca é demais o Treinador ter conhecimento das lesões e da melhor forma de as prevenir.
  3. Se numa sessão de treino, sentirem que os movimentos dos atletas foram demasiado estereotipados/repetidos, alonguem e desenvolvam a força dos músculos que suportam a estabilidade da cintura pélvica: abdominais oblíquos.
  4. Campeonato Nacional de Futsal FutSagres, 21ª Jornada. Sábado, 17h, Pav. Municipal do Fundão, AD Fundão – SL Benfica.

(Este artigo foi publicado no Jornal Tribuna Desportiva, na sua edição de 3 de Março de 2009)

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