quarta-feira, 10 de junho de 2009

o todo ou a soma das partes

É do senso comum e não transmito novidade nenhuma ao afirmar que o futsal/futebol é um jogo desportivo colectivo e como tal, o colectivo deve sempre sobrepor-se às individualidades (a equipa em detrimento do atleta). No Dicionário da Língua Portuguesa, equipa é “um grupo de pessoas encarregadas de algum trabalho ou serviço comum”. Entendamos então que uma equipa é, em primeiro lugar, um grupo de atletas. Para que um grupo de atletas se torne numa equipa há condições essenciais que têm que ser realidade. Para isso, é fundamental a definição de um objectivo comum, a dependência de uns em relação aos outros porque todos são importantes e todos precisam de todos e uma relação/ligação forte entre os atletas para que a acção de cada um possa influenciar positivamente a dos outros, em prol do colectivo.

Também não é novidade nenhuma (digo eu) que para o Treinador, mais difícil que planear, estruturar, sistematizar, construir exercícios, treinar, observar, analisar e jogar será mesmo o facto de gerir um grupo de atletas, todos diferentes e com características culturais e pessoais distintas de atleta para atleta. Mas o Treinador não tem apenas que gerir um grupo de atletas. Tem também de gerir a relação/ligação com o departamento médico, com a direcção, com os sócios, com a comunicação social e com tudo que está envolvido, que influencia ou pode influenciar no processo colectivo. E aqui o caminho é progressivo e construtivo porque todos os dias conhecemos um pouco mais dos nossos atletas, daqueles que connosco trabalham e daqueles que podem ter influência (directa ou indirecta) no resultado do processo de treino (em função dos objectivos definidos, sempre com o intuito de vencer). E chegado aqui temos duas hipóteses: tudo o que for positivo para o grupo devemos potenciar ainda mais; tudo o que possa ser menos positivo para o grupo devemos tentar “esconder” e não enfatizar, fazendo prevalecer o que de bom existe (devemos seleccionar as capacidades que nos interessam e não nos preocuparmos com as que não nos interessam). Estando todo o grupo de trabalho identificado com os objectivos do processo e mantendo a mesma linha de pensamento de um líder, o processo será mais simples e sobretudo, a compreensão destes princípios entre todos aumentará de sobremaneira o rendimento colectivo.

Uma boa equipa, aquela que ganha regularmente e não de vez em quando, é aquela em que o colectivo se sobrepõe sempre ao individual, em que cada atleta está identificado com as suas responsabilidades e cumpre-as dentro do colectivo com o objectivo de todos juntos serem melhores que o adversário. Numa equipa de rendimento superior, o todo é mais importante que a soma das partes, mas a soma das partes é fundamental para um todo forte porque afinal de contas, o todo é constituído pelas partes. Confuso? Não! A equipa é mais importante que os atletas mas não nos podemos esquecer que a equipa é constituída pelos atletas e por essa razão, equipas fortes e de rendimento superior têm atletas fortes e de rendimento superior. É importante que todos os atletas tenham consciência da sua influência individual no rendimento colectivo da equipa

E se é importante o treinador e a equipa estarem preparados para tudo (ou quase tudo) relativamente ao plano táctico-estratégico do próximo adversário, é fundamental também que o treinador identifique e se “prepare” para influências negativas e processos causadores de distúrbios, de forma a poder “eliminá-los” fortalecendo o processo construtivo da equipa. É importante o treinador estruturar e formar uma equipa, juntando diferentes atletas com o objectivo de formar um forte colectivo, uma forte equipa.

Se todos os atletas desempenharem as suas tarefas de acção individuais dentro do colectivo, em função do colectivo e para a obtenção dos objectivos, a equipa ganhará mais vezes e os atletas serão melhores.

Construir uma equipa é um processo evolutivo que nunca termina, sendo responsabilidade de todos melhorar e aperfeiçoar todos os dias em função dos objectivos comuns ao colectivo.

REFERÊNCIAS:

  1. As estrelas só brilham no céu, e mesmo no céu estão organizadas em grupos!
  2. AD Fundão – FC Vermoim, meia-final da Taça Nacional de Futsal Séniores Femininos – 1ª mão. Quarta-feira, 10 de Junho de 2009, 16h – Pavilhão Municipal do Fundão. Faltam duas…

(Este artigo foi publicado no Jornal Tribuna Desportiva, na sua edição de 9 de Junho de 2009)

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