quarta-feira, 19 de agosto de 2009

partiu e já chegou!

Impossível, por estes dias, não estar atento e minimamente curioso aos mundiais de atletismo que se disputam em Berlim, na Alemanha. Além de várias medalhas em disputa, temos 30 atletas Portugueses em participação desde 15 de Agosto, nos 12ºs Campeonatos do Mundo de Atletismo. Ao todo, 9 dias de emoção.

E antes de passar aos estrangeiros, apenas algumas referências ao nossos atletas: a Nélson Évora foi suficiente um salto para o colocar na final masculina do triplo salto destes Campeonatos do Mundo de Atletismo ao ar livre. O atleta do Sport Lisboa e Benfica, Campeão do Mundo e Campeão Olímpico em título, carimbou o passaporte para a final com um salto de 17,44metros. A finalíssima do triplo salto masculinos disputa-se esta terça-feira, 18 de Agosto, no Olímpico de Berlim, quando forem 17horas e 5minutos em Portugal Continental, prova na qual Nelson Évora vai defender o seu título mundial; a nossa bem conhecida Sónia Tavares, que representou a Associação Bairro do Valongo e o GCA Donas e que actualmente representa as cores do Sporting CP foi, no seu primeiro Mundial de Atletismo, 28ª classificada nos 100 metros, com o registo de 11’55’’; nos 20 km marcha femininos destes Campeonatos do mundo de Atletismo ao ar livre participou um trio de atletas lusas. Vera Santos, Susana Feitor e Inês Henriques, três atletas de referência na marcha a nível mundial, participaram na 4ª final desta competição internacional e cumpriram inequivocamente os objectivos a que se propunham. Vera Santos foi a primeira atleta portuguesa a cortar a meta, com o registo de 1:30:35, alcançando a 5ª posição da geral. Susana Feitor, a disputar o seu 10º mundial, celebra da melhor maneira estes 18 anos ao mais alto nível ao terminar na 10ª posição com o registo de 1:32:42, seguida de perto pela atleta Inês Henriques que terminou na 11ª posição com a marca de 1:32:51. Tendo em conta estas prestações, e não sendo más, esperamos dias melhores e sobretudo, resultados melhores. Até porque os nossos atletas têm cada vez mais melhores condições de treino a nível nacional.

E depois dos nossos portugueses é obrigatório falar de alguém que, logo assim que sai dos blocos de partida, já chegou à meta! Incrível Usain Bolt. Praticamente não há palavras para descrever o que aconteceu no Olímpico de Berlim. 9.58 segundos, recorde do Mundo por 11 centésimos. O resultado mais fantástico e mais extraordinário da longa história do Atletismo Mundial. Melhor mesmo é ver, rever e admirar tamanha capacidade de um jovem de 22 anos.

O feito do jamaicano é visto à lupa por um estudo que encontrei na internet. Uma das análise feitas permite concluir que foram os primeiros 20 metros, precisamente a fase de maior fragilidade para um atleta de 1,96 metros e 86 quilos, a lançar Bolt para o "impensável" tempo de 9,58 segundos. Desde Pequim que Bolt tem vindo trabalhar intensamente a saída dos blocos com o treinador Glenn Mills. Na final, teve um tempo de reacção na partida de 146 milésimos de segundo, apenas mais dois do que Tyson Gay, de modo que em apenas três passadas já tinha alcançado o defensor do título e aos 20 metros tinha uma vantagem de três centésimos (2,89 contra 2,92). Os dados do estudo biomecânico realizado pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) em colaboração com a Federação alemã revela que houve um forte duelo até ao fim entre os dois atletas, mas a superioridade do jamaicano foi-se acumulando desde o arranque. Em cada parcial de 20 metros, incluindo o primeiro, Usain Bolt foi o mais rápido dos oito finalistas, construindo uma vantagem que se traduziu num espantoso recuo da melhor marca planetária em 11 centésimos. A fase da corrida em que Gay registou uma velocidade perto da de Bolt ocorreu entre os 40 e os 80 metros. Em cada um destes dois parciais de 20 metros o norte-americano apenas cedeu dois centésimos ao jamaicano, que atingiu a sua velocidade de cruzeiro entre os 60 e 80 metros, antes de relaxar. No final da corrida, Bolt olhou para a direita, a ver que a seu lado Gay estava para trás, e desacelerou, terminando a prova em aos 9,58. No último parcial de 20 metros, o campeão mundial gastou 1,66 segundos, contra 1,61 no anterior. E se pensamos que ele está satisfeito, bem que nos enganamos. O atleta jamaicano já deixou o aviso ao mundo que espera conseguir correr os 100 metros em 9.40 segundos, ou seja, menos 18 centésimos de segundo do alcançado agora. Até parece pouco tempo mas numa prova de velocidade percorrida em apenas 100 metros, estes centésimos são enormes e difíceis de “abater”. Cá estaremos para ver, rever, apreciar e admirar as potencialidades deste atleta. Ou direi, deste “homem bala com braços e pernas”? Impressionante!


(Este artigo foi publicado no Jornal Tribuna Desportiva, na sua edição de 18 de Agosto de 2009)

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