sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O ris(c)o de “Dietmar Hopp”

Já há algum tempo que a curiosidade me despertou mas só hoje vos partilho uma história desportiva/financeira de risco e sucesso. E se nos dias que correm é difícil investir, arriscar e sobretudo triunfar no mundo empresarial, imaginem o que significa assumir esse risco e juntar-lhe uma equipa de futebol de uma pequena localidade alemã com 3.300 habitantes. É verdade! A “história” que hoje vos trago é o exemplo de que o futebol é cada vez mais uma empresa.

Há cerca de um ano atrás o “TSG 1899 Hoffenheim” era um clube desconhecido. No entanto, fruto da disputa pelo título germânico em que esteve envolvido durante vários meses e do consequente 7º lugar na prova, o clube recentemente promovido à Bundesliga (denominação do campeonato alemão de futebol) chamou à atenção de todo o mundo do futebol, quer pelos resultados desportivos e financeiros, mas também por se situar numa pequena cidade de apenas 3.300 habitantes (!). O sucesso do Hoffenheim tem um rosto e um nome – Dietmar Hopp. Milionário Alemão com um fortuna avaliada em cerca de 6.300 milhões de Euros, que depois de conduzir a sua empresa de software de gestão empresarial SAP à liderança mundial, investiu parte da sua fortuna pessoal para levar o clube da sua terra natal dos regionais, até ao mais alto nível do futebol germânico em menos de duas décadas. Desde 1998 Dietmar Hopp já investiu mais de 140 milhões de Euros no Hoffenheim, com os resultados que se conhecem. Através de uma política de contratações onde não são adquiridos jogadores com mais de 25 anos, da criação de uma academia para jovens jogadores e de uma gestão rigorosa, Dietmar Hopp criou, como ele próprio afirma, uma empresa de futebol. Tudo começou com a doação de algumas bolas, logo seguida de um plano de acção. Aplicou princípios empresariais ao clube, montou estruturas profissionais, contratou os melhores treinadores, apostou nos jovens e reforçou a equipa de maneira objectiva. Com muita persuasão foi contratar Ralf Rangnick. Conseguiu contratar o treinador que já tinha conduzido o Schalke 04 à Liga dos Campeões para a sua equipa da terceira divisão (!). Dois anos mais tarde, o TSG de Hoffenheim participa da Bundesliga e, na primeira temporada, chega a liderar várias jornadas a classificação. Em todas as partes da região surgem centros de treino para jovens. Juntamente com a escola de futebol eles recebem também orientação escolar, profissional e pessoal. O ano passado, em 2008, a Federação Alemã de Futebol (DFB) nomeou o Hoffenheim como escola de elite do futebol jovem. Em Janeiro de 2009, Hopp deu mais um grande passo para afirmação do Hoffenheim no futebol mundial, através da construção de um novo estádio (Rhine-Neckar Arena) com capacidade para 30.000 pessoas, que custou 30 milhões de Euros. O novo estádio veio substituir o velho recinto que apenas dispunha de 6.500 lugares. Através deste novo investimento e das novas receitas que pode gerar, Dietmar Hopp afirma que o clube será financeiramente independente a partir de 2010. Impressionante como um clube com apenas 2.000 associados e situado numa cidade de apenas 3.300 habitantes tem capacidade para obter resultados desportivos e financeiros positivos nos dias de crise que correm. Além da indispensável gestão rigorosa, só com uma enorme angariação de investidores tudo se tornou possível. O modelo de negócio do Hoffenheim merece ser estudado e apreciado. A fase da implementação depende de vários factores, entre eles o financeiro e o empresarial, mas a noção clara que o futebol é hoje, uma empresa, já todos os presidentes de todos os clubes e todos os administradores/gestores de SAD’s deviam possuir, compreender e fazer crescer.

REFERÊNCIAS:

  1. A ADE – Associação Desportiva da Estação, apresentou na passada sexta-feira o seu recém-criado Departamento de Futsal onde se inclui o plantel Sénior Feminino de Futsal. Todos os dias mais perto de si em: http://adestacaofutsal.blogspot.com/. Visite.

(Este artigo foi publicado no jornal Tribuna Desportiva, na sua edição de 22 de Setembro de 2009)

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