O Seleccionador Nacional, Carlos Queiroz, divulgou na passada quarta-feira dia 26 de Agosto, a lista de 22 jogadores convocados para a dupla e decisiva jornada de qualificação para o Campeonato do Mundo África do Sul-2010, na Dinamarca e na Hungria, a 5 e 9 de Setembro, respectivamente. Já aqui abordei noutras alturas as “simples” convocatórias de “nomes” e atletas convocados a representar o nosso país! Já aqui disse que o nosso “mister” Queiroz tem, na minha modesta e nada influente opinião, experimentado jogadores em excesso e continua à procura do seu onze e até dos seu grupo/equipa de selecção. Quando digo isto e nos lembramos o que fez o seu antecessor temos duas formas diferentes de gerir um grupo de jogadores de selecção e por sua vez, uma forma de treinar e jogar também diferentes. Se com Scolari todos sabíamos os jogadores seleccionáveis e até a forma de jogar, com Queiroz, cada convocatória tem “tema de conversa” para as inumeráveis tertúlias de que tanto os portugueses gostam e até no passado mais recente, a forma de jogar da nossa selecção mudou. Mas deixem-me que volte aos nomes/atletas convocados para estes dois jogos. Liedson Silva Muniz, nascido no Brasil a 17 de Dezembro de 1977 tem 31 anos de idade e foi, desculpem a repetição, aos 31 anos de idade (!) convocado para a (de todos) selecção nacional de PORTUGAL! Enfim! Para quê discordar ou argumentar a correcta ou despropositada chamada de Liedson à nossa Selecção? Certamente que o “mister” tem os seus argumentos definidos à tempo e estará mais que preparado para todas as perguntas e dúvidas que lhe possam ser colocadas mas não posso deixar de considerar “estranha” e até um “quase contra-senso” esta chamada. O “mister”, diz ele na primeira pessoa, está a implementar medidas para que de futuro haja mais jogadores preparados para representar a Selecção Nacional e que o principal objectivo da Selecção Nacional, é conseguir o apuramento para o Mundial e tirar o melhor partido dela para prestigiar ainda mais o futebol português. Na sequência desse trabalho, o “mister” acrescenta ainda que tem de ter jogadores portugueses e que é essa a sua matéria de preocupação (a do “mister” Queiroz que convocou Liedson com 31 anos de idade). Apetece até perguntar: “e o burro sou eu? Ou somos todos?”. Sabemos que Portugal se encontra numa situação muito complicada, estando obrigado a ganhar pelo menos os próximos três jogos (um com a Dinamarca e dois com a Hungria). O derradeiro encontro do grupo, com Malta, poderá ser importante para a atribuição do segundo lugar - aquele que, realisticamente, Portugal ainda pode alcançar dependendo apenas de si próprio. Se conseguir esse objectivo, Portugal poderá ser um dos oito segundos classificados que vão disputar o play-off (no cenário actual, ficará de fora o segundo classificado do Grupo 9) em Novembro. O primeiro lugar só será possível se a Dinamarca, além de perder com Portugal, fizer apenas 4 pontos nos jogos com Albânia (fora), Suécia e Hungria (ambos em casa). Foi com base neste cenário que Liedson foi convocado. A necessidade actual e urgente em vencer “obrigou” o nosso “mister” a convocar um naturalizado de 31 anos que, segundo diz Queiroz, “sente que na actual conjuntura da Selecção merece particular atenção a situação que estamos a viver com os pontas-de-lança. E o mérito do que Liedson tem vindo a fazer no futebol e, tendo em conta as necessidades e limitações que enfrentamos, justificam chamar um jogador que se mostrou identificado com o futebol português ao ponto de querer representar a Selecção Nacional. Em última análise, entende o “mister” que o Liedson, com o seu mérito, pode dar um contributo importante à Selecção, sabendo que, pelas suas características, pelo seu passado no Sporting, com poucas lesões, é um jogador que poderá fazer tranquilamente mais três ou quatro épocas e por isso tem um espaço de tempo ainda grande para contribuir para os êxitos da Selecção”. Diz o “mister” e quem melhor que ele para acreditar nisso. Então, tenho uma dúvida: depois de tanta reformulação na Federação, de tantos planos de acção estratégicos traçados, de planos de detecção e prospecção para formação de jogadores de elite, de treinos de repetição sistemáticos e de modelos aplicados de igual modo a todas as categorias (que desde já afirmo, reafirmo e sublinho que me identifico na totalidade), porquê convocar um “trintão” para 2 jogos (ou 4) e não ir “procurar” um português nas selecções mais jovens?! Não haverá na Selecção B (criada – e bem – por Queiroz) ou nos sub 21 ou até nos sub 20 (não querendo exagerar) um atleta competente, com características de perfil adequadas a esta exigência? Assim de repente, lembro-me daquele miúdo do Sporting que tem jogado muito e bem, um tal de Djaló! Mas aqui de longe e sem conhecer a realidade que nos foge ao olhar, fica apenas a minha opinião. E por último, que fique bem claro que quero que a Selecção ganhe e esteja no Mundial, mas será difícil festejar um golo de Liedson, mesmo que no minuto 93 e que dê a vitória a Portugal. Não fui contra a chamada/naturalização de Deco e Pepe, mas a de Liedson não me parece que faça grande sentido. E afinal, Nuno Gomes (também motivo para grandes e animadas “tertúlias” de (des)concordância) não estava esquecido.
(Este artigo foi publicado no Jornal Tribuna Desportiva, na sua edição de 1 de Setembro de 2009)
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