terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O difícil é fazer fácil.

A formação desportiva do atleta, do jovem, da criança, tem um princípio e este é e será sempre fundamental e determinante para o desenvolvimento integral da criança em termos desportivos. Nunca colocando de parte a formação social e pessoal, é fundamental que no início da formação desportiva, a criança tenha por base fundamentos válidos, coerentes, que estimulem a paixão pelo jogo, que sejam hierarquizados e que tenham ao longo dos anos uma progressão pedagógica, educativa e desportiva com base nos princípios gerais e específicos do jogo. Realmente, no futebol de top e de rendimento superior, é cada vez mais difícil dissociar o ataque da defesa, porque quando se ataca também se defende, e vice-versa. Mas focalizemos a nossa atenção no “jogar das crianças”. Neste jogar, temos que dissociar o ataque da defesa, a transição ofensiva da transição defensiva. Treinadores e formadores têm que iniciar o processo de ensino e conhecimento do jogo pelas partes para chegar ao todo. Então, comecemos pelo princípio, e o princípio são os “princípios de jogo”. Tão simples como conhecê-los, interpretá-los, compreendê-los e operacionalizá-los, recordando mais uma vez que “as crianças, sozinhas, já o fazem, basta “deixá-las ir e segui-las”. Não é fácil, mas é muito mais fácil!”. Preocupemo-nos nós (treinadores/formadores) com os princípios fundamentais do jogo: criar superioridade numérica; evitar igualdade numérica; recusar inferioridade numérica. Aqui não tenhamos dúvida que as crianças não se preocupam com isto e disto não querem saber rigorosamente nada. No entanto não se preocupem, se o treino for bem direccionado para aquilo que queremos, elas vão aperceber-se que é em função da bola que tudo gira, que a bola é o centro do jogo e é em função desta que teremos que criar sempre superioridade numérica. Não sobrevalorizem os princípios fundamentais, tenham antes a preocupação (subjacente e inerente ao “jogar das crianças”) centrada nos princípios específicos do jogo, do ataque e da defesa. Estes sim, são importantes para o ensino e conhecimento do jogo para a criança. Afinal de contas, elas já os operacionalizam entre elas, sem qualquer base teórica, agora só precisam de saber na realidade o que aquilo tem de tão importante para o jogo e para o seu conhecimento. E esse transfer é da responsabilidade do treinador/formador. Se queremos amanhã melhores atletas, comecemos por aqui a sua formação, ainda em criança. Em todas as formas jogadas por este “jogar das crianças” encontramos os princípios específicos, da defesa e do ataque. As crianças, mesmo com a presença de uma única baliza realizam jogos de oposição/cooperação onde estão patentes os princípios específicos do jogo. E o “famoso” jogo de “todos contra todos”? Recordam-se!? Aquele jogo no qual quem tem a posse de bola tem de driblar todos os colegas/adversário/defensores e tentar fazer golo. É nestes jogos que algumas crianças aprendem e desenvolvem qualidades excepcionais de drible. Ainda bem que nestes jogos não existem restrições teóricas. Agora “transportemos” para o ensino/treino estes processos e este “jogar das crianças” e vejamos a relação existente entre o “jogar das crianças” e os princípios específicos do jogo. Olhem atentamente, porque naquela rua, naquele pátio da escola, naquele parque do condomínio, naquele treino de observação/captação de início de época pode estar o atleta mais valioso do mundo, e se não for o atleta mais valioso do mundo, será decerto o Homem de amanhã, pelo que merecerá a nossa atenção. Preparemos precocemente as crianças! Não as especializemos precocemente.

REFERÊNCIAS:

  1. Que grande selecção nacional tivemos na Bósnia. Guerreiros, trabalhadores, persistentes, ambiciosos, serenos, organizados e sempre conscientes da tarefa individual e colectiva. Portugal controlou melhor o jogo lá do que o tinha feito cá. A Bósnia foi mais perigosa cá do que lá. A eles, a emoção de um jogo histórico e importante afectou-lhes o rendimento. A nós, a consciência das dificuldades e o ambiente envolvente aumentou-nos a concentração. Agora que chegámos à África do Sul, com mérito (no play-off), somos tão candidatos como todos os outros!

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