terça-feira, 14 de setembro de 2010

E novidades?

O “Caso Queiroz” tinha há muito tempo os dias contados e a decisão, mais tarde ou mais cedo, quase todos a previam. Um treinador, um Homem, uma questão desportiva e desta vez, também uma questão política, pois a clínica faz parte. Quando se mete tudo dentro do mesmo saco e se tratam “cebolas” como se fossem “tomates” a confusão instala-se, todos falam e todos têm razão e claro, o normal sucede: o treinador fica “sozinho” e o processo arrasta-se até ao seu despedimento. Novidades? Só o caminho, pois o fim é já por demais conhecido.

Carlos Queiroz sucedeu a Scolari no cargo de seleccionador nacional, após a saída do técnico brasileiro para o Chelsea, anunciada em pleno campeonato da Europa de 2008. Queiroz prometeu conquistar tudo. A 11 de Junho de 2008 regressava ao local onde já tinha estado entre 1991 e 1993 e de onde saiu com a polémica frase: “é preciso varrer a merda toda da Federação!”.

Mais de 20 anos depois, Queiroz “abandonou” Alex Ferguson no Manchester United e Gilberto Madaíl propôs-lhe um contrato de quatro anos, a 1,6 milhões de euros/ano, bruto. No entanto, as polémicas não demoraram. Na primeira convocatória da qualificação para o Mundial 2010, quando deixou de fora 10 jogadores que estiveram no Europeu, a mesma foi anunciada no site da FPF e sem direito a perguntas, algo nada normal. Embora o primeiro jogo tivesse calado algumas vozes (4-0 a Malta), daí para a frente foram-se sucedendo as derrotas e os empates que obrigaram Portugal a disputar o play-off com a Bósnia. Já no Mundial, os casos foram excessivos para quem precisa de respirar tranquilidade, serenidade e lucidez. Primeiro com Nani, depois com Deco, depois as palavras de Cristiano Ronaldo e Hugo Almeida, a acrescentar os constantes comunicados dos jogadores a retratarem-se pelo que tinham dito, a juntar às exibições colectivas pouco ou nada convincentes e conseguidas e até a manifestação de alegria no empate com o Brasil a zero. Uma panóplia de peripécias “desajustadas” para uma estrutura altamente profissionalizada e que assim sendo, tem o dever de não actuar em conformidade com muitas destas situações. Para alimentar ainda mais a barriga dos críticos, a derrota por 1-0 e consequente eliminação do Mundial fez incendiar de vez o ambiente. Ronaldo afirmou sobre a derrota “perguntem ao Queiroz” e Hugo Almeida contradisse o técnico ao afirmar que não estava desgastado no momento em que foi substituído. Mundial terminado, regresso ao nosso canto, com algumas personalidades sedentas de “sangue”. A Selecção chegou a Lisboa no dia 1 de Julho e a Federação emitiu um comunicado, a 14 de Julho, onde dava conta que “os objectivos tinham sido cumpridos”. Água na fervura, apenas e só! A bomba ainda estava para vir. 10 dias depois, o Secretário de Estado da Juventude e do Desporto dava a conhecer o caso Queiroz. “São factos graves”, disse, sobre as palavras proferidas por Carlos Queiroz aos médicos da Autoridade Antidopagem de Portugal (ADoP), que a 16 de Maio se deslocaram à Covilhã para um controlo. Primeiro suspenso pelo Conselho de Disciplina da FPF, mas ilibado de perturbar o controlo, Carlos Queiroz foi pouco depois suspenso pelo ADoP por seis meses por ter perturbado um controlo antidoping. Ainda com um processo disciplinar a correr na FPF (pelas declarações proferidas sobre Amândio de Carvalho ser “a cabeça do polvo), o seleccionador foi dispensado a 9 de Setembro de 2010, 760 dias após a chegada. Há muito que era uma questão de tempo, que de novidade não teve nada, apenas muita encenação, na minha opinião, justificada pelo elevado preço a pagar pela indemnização do despedimento.

REFERÊNCIAS:

  1. Bem-vindo João Carlos de Sá Pinho às lides comunicativas através da imprensa escrita. Vou estar especialmente atento às entrelinhas, da vida (pessoal, social e profissional), do desporto e do discurso. Aquele abraço!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

defesa de mestrado – 15 Julho 2010, 9h00 - UBI (aqui fica o resumo…)

A INFLUÊNCIA DO ESTILO DE LIDERANÇA DO TREINADOR NO RENDIMENTO INDIVIDUAL E COLECTIVO.
Esta investigação tem como principal objectivo avaliar a percepção dos atletas relativamente ao estilo de liderança do treinador, realizando um estudo de caso com a Selecção Nacional de Futsal – Clube Portugal. É objectivo caracterizar os comportamentos de liderança do Seleccionador Nacional e a sua influência no rendimento individual e colectivo, esclarecendo quais os comportamentos associados ao estilo de liderança mais e menos predominante.
Para esse efeito foram utilizados dois métodos: um questionário aos atletas e uma entrevista ao treinador da Selecção Nacional de Futsal – Clube Portugal. A nossa amostra foi constituída por 22 atletas e o Seleccionador Nacional. Para o questionário foi utilizada a Escala Multidimensional de Liderança no Desporto-2 (EMLD-2) (Gomes, 2008), que avalia a percepção dos atletas acerca dos comportamentos assumidos pelos respectivos treinadores.
Após a aplicação dos referidos métodos e posterior análise dos resultados foi possível concluir que o estilo de liderança presente na Selecção Nacional de Futsal – Clube Portugal, por intermédio do seu Seleccionador Nacional, não corresponde a um estilo de liderança predefinido e estereotipado, assumindo diferentes estilos em função da situação, do contexto e da tomada de decisão a adoptar. Com base nestes comportamentos de liderança, podemos afirmar que em função da variabilidade de estilos adoptados, o Seleccionador Nacional é um líder naturalmente aceite, eficaz, competente, corajoso, optimista e ambicioso. Podemos concluir também que a influência do estilo de liderança do Seleccionador Nacional é factor determinante no rendimento individual (atleta) e colectivo (resultado).
PALAVRAS CHAVE: ESTILO DE LIDERANÇA, SELECCIONADOR NACIONAL, ATLETAS.

terça-feira, 6 de julho de 2010

África “deles” III

A esperança terminou, frente aos nossos vizinhos, da pior maneira! Cada vez mais no futebol, a distância entre o perder e o ganhar está tão próxima que até se confunde. Portugal foi com a Espanha uma equipa submissa, demasiado dócil na agressividade defensiva com e sem bola e inexplicavelmente pouco ambiciosa. A estratégia de Queiroz deu à Espanha o que ela melhor sabe fazer: ter a bola. Ora, se por princípio, conhecemos as forças dos outros e as nossas fraquezas, assim como as nossas forças e as fraquezas dos outros, penso que dar à Espanha aquele objecto tão valioso confiando na organização/aglomeração defensiva para 90 ou mais minutos, pareceu-me enfadonho e despropositado. Portugal expôs-se à Espanha e o golo foi uma questão de tempo. Quem ataca organizado e equilibrado como a Espanha o fez, fica confortável a parar e defender transições, ainda para mais, com um Ronaldo “absurdamente” individualista, um Simão “desaparecido” e um Hugo Almeida que “sozinho na frente”, deu conta do recado até Queiroz ter percepcionado estar cansado. Portugal foi eliminado, mas podia tê-lo sido de forma mais coerente e ambiciosa, tal como o discurso. O objectivo era, diziam eles, chegar longe. Isso é o quê? Ninguém pergunta a ninguém o que é chegar longe? É que depois de sermos eliminados ouvimos o presidente da FPF dizer que esperava mais e só foi feito o mínimo. Pudera. Somos a terceira selecção no ranking FIFA e por isso podíamos e devíamos ter feito mais, mais que não fosse perder tentando ganhar, subindo o bloco colectivo, demonstrando identidade colectiva com e sem bola. Ainda relativo à nossa classificação do ranking, quando convém dizemos que não quer dizer nada, assim que parece conveniente vimos logo dizer que é importante e uma demonstração da clara e franca evolução do futebol português – este discurso típico e já conhecido antes de ser pronunciado demonstra demasiada flexibilidade/indefinição nas ideias colectivas. E nem o discurso virado aos apitos justifica algo. O nosso fora de jogo teve 22 centímetros? O golo da Inglaterra teve mais de 1 metro e o sofrido pelo México quase 2, e não venham dizer que a Inglaterra não tem “poder” no futebol mundial, assim como não nos tornemos (como costume) nos eternos queixinhas pós-derrota. Queiroz fez bem em olhar para dentro e dizer que não se investe no futebol de formação em Portugal. Perguntou inclusive se conheciam os investimentos noutros países e o “desinvestimento” no nosso. Discurso inteligente para apaziguar a azia, mesmo toda a gente sabendo, tal como Queiroz, que fomos 4ª classificados no último mundial e boas prestações nos últimos europeus (2º em 2004 e quartos-final em 2006). Eu chamo-lhe discurso de “conveniência”, com o qual não me identifico nem concordo. Este campeonato do mundo e a sua preparação revelou-nos outro indício: o perfil de liderança de Queiroz. Ser adjunto do Manchester ou Seleccionador Nacional não é a mesma coisa e embora a pessoa seja a mesma, a liderança exige modificações comportamentais para alcançar o sucesso. Aliás, parece-me que Queiroz em Madrid foi mais eficaz ao nível da liderança que desde o dia em que assumiu o cargo na FPF. Explicação: parece-me a mim demasiada aproximação a alguns, afastamento a outros e depois, a inexistência de um discurso comum para o exterior. Podemos ainda juntar a tudo isso declarações de jogadores a colocar nitidamente em causa as suas opções (só quem não quer perceber é que “aceita” de forma natural os comentários de Deco – pós jogo com a Costa do Marfim e Espanha, e Ronaldo – “o porquê da eliminação: perguntem ao Carlos!”). Em privado, para melhorar e potenciar o rendimento colectivo, admito diálogo e divergência de opiniões e estratégias para se atingir o consenso colectivo, mas para o exterior, o discurso não pode transparecer tamanha diversidade de opiniões desportivas. E para esclarecer, não confundam opiniões com decisões.

REFERÊNCIAS:

1. A 22 de Junho referi-me neste espaço ao carácter de um grande “capitão” de seu nome Ronaldo. Agora, a 6 de Julho, retrato-me e tenho que dizer que faltou carácter ao capitão dos portugueses. O futebol tem disto e por enquanto, esperamos por cenas dos próximos capítulos.

2. A AD Estação encerrou a sua época desportiva juntando numa festa “familiar” mais de 300 pessoas. A instituição merece e por isso, todos os que para ela contribuímos, só temos que querer mais… muito mais! Boas férias!

terça-feira, 22 de junho de 2010

O seu a seu dono, sff!

A Associação de Futebol de Castelo Branco realizou pelo segundo ano consecutivo a Gala do futebol (e futsal) distrital. A Gala não deveria ser apelidada de “futebol”, até porque, premeia e distingue modalidades que não só o futebol. Distingue também o futsal, a arbitragem e também, e nunca menos importante, a classe dirigente do desporto. Seria assim (digo eu), uma designação a rever. Excluindo este pequeno detalhe, que para as gentes do futsal é um “pormaior”, é agradável e bonito reunir gente que durante épocas desportivas trabalha no anonimato, se conhecem de jornais, sites e entrevistas, e têm oportunidade de se conhecerem pessoalmente, trocando impressões, partilhando ideias e reconhecendo competências. Por isso, e pela atitude congregadora da A.F.C.B., os meus parabéns pela repetição da iniciativa, que oportunamente dirigi ao seu Presidente.

Quanto às nomeações e às devidas distinções, como disse o Presidente da A.F.C.B., “as nomeações serão sempre polémicas e alvo da sua crítica” (construtiva ou destrutiva em função de interesses pessoais, colectivos e desportivos). Não me compete a mim opinar sobre nomeações ou distinções atribuídas, mas sinto-me no dever desportivo de repor no seu devido lugar, algumas atribuições, apenas e só porque conheço melhor que qualquer um, a razão pela qual transmito estas considerações. No futsal feminino, para a melhor atleta do ano, eram nomeadas Rute Duarte e Cátia Morgado da AD Estação, e Mafalda do Bairro do Cansado. Até aqui, com menor ou maior concordância, estaremos minimamente de acordo. Daqui para a frente, a decisão a adoptar tem que ter critério mais rigorosos e sobretudo, critérios de facto. Rute Duarte é, não tenhamos a menor dúvida, uma das melhores atletas de futsal feminino de Portugal. Internacional e com inúmeros títulos conquistados, é uma capitã exemplar! Cátia Morgado, uma jovem atleta de apenas 20 anos de idade e com dois anos de prática regular de futsal feminino, é bi-campeã distrital e vice-campeã mundial de futsal feminino universitário e esta época desportiva foi um exemplo para as restantes praticantes da modalidade, pela entrega, dedicação, qualidade e ambição, a juntar ao rendimento desportivo que esta época apresentou. Não desvalorizando nenhuma das outras 13 atletas que com ela trabalharam (Joana Santos, Sara Coelho, Sofia Ferreira, Catarina Rondão, Carolina David, Rute Duarte, Daniela Gaspar, Margarida Morão, Ana Vanessa, Vanessa Nunes, Rita Curto, Cláudia Fortunato e Liliana Soares), esta distinção merecia ter sido entregue, publicamente, a Cátia Morgado. E digo publicamente porque Rute Duarte, demonstrando toda a sua categoria social e desportiva, apenas ao alcance de uma enorme capitã, após saber a atribuição do prémio, de pronto disse “Eu? Era pra Cátia, ela fez uma boa época e merecia”. Notável, a atitude humilde da Rute e a modéstia de Cátia em aceitar a distinção à nossa capitã! As duas conscientes que sem as restantes, o clube e todo o departamento de futsal, nada disto seria possível e as minhas palavras não faziam sentido nenhum! É por isto, e por muito mais que não se vê nem se ouve, apenas se sente e se transmite, que é um orgulho enorme liderar estas atletas!

REFERÊNCIAS:

1. Uma palavra de felicitação e gratidão a Manuel Ribeiro, distinguido com o Troféu Prestígio na Gala AFCB. Foi um enorme prazer e uma constante lição de vida desportiva ter trabalho com ele no Gabinete Técnico da A.F.C.B. Bem-haja e muitos parabéns! O seu a seu dono!

2. Sete zero à segunda jornada de um campeonato do mundo de futebol é digno de entrar na história. Portugal conquistou uma boa vitória mas é “apenas” isso, uma vitória e três pontos! A segunda fase está perto e daí em diante, qualquer selecção pode ambicionar a mais. São noventa minutos de futebol, (ou cento e vinte e até com pontapés da marca de grande penalidade), e com esforço, dedicação, qualidade e organização, tudo é possível! Coragem e ambição!

3. Ronaldo mostrou o carácter de um grande “capitão”. Após receber o prémio MVP do jogo Portugal – Coreia disse “Não sei se foi justo. O Tiago jogou melhor que eu. Fez dois golos e uma assistência”. Após o jogo, o capitão da Selecção Nacional decidiu entregar o prémio a Tiago, por entender que o colega merecia tal distinção. “Tive uma surpresa no balneário. O Cristiano dedicou-me e ofereceu-me o prémio. É uma grande atitude”, disse Tiago após o jogo.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

África nossa (I)

A estreia da nossa selecção todos sabem quando é. Por isso, não se torna necessário dizer que é hoje, terça-feira, às 15h00 em Port Elizabeth, na África do Sul. Enquanto isso, o Mundial propriamente dito começou. Aquele em que o jogo é o auge e tudo o que o envolve passa para segundo plano. Tudo, à excepção das vuvuzelas e do seu som característico, que nos entra em casa pela TV e nos ouvidos como se fossem abelhas. Não mordem nem picam, mas chateiam. Parecem moscas!

Dia 1 do Mundial – África do Sul 1 México 1. Grande jogo de ordem organizacional e táctico-estratégica durante os primeiros 60 minutos. Dos 60 aos 93, o jogo foi mais emocional que racional, típico de mundial em dia de abertura, com muita desorganização ofensiva a permitir inúmeras transições. Mas primeiro, o que o jogo teve de mais bonito. Bons momentos organizacionais do México, com “metamorfoses” tácticas com bola e sem bola. Sem bola a última linha defensiva era composta por 4 jogadores, com bola os dois defesas laterais subiam linhas e o médio defensivo (#4 Marquez) baixava para a linha dos dois centrais, originando um 3.4.3. Após o nulo ao intervalo, o experiente Parreira deu o rebuçado a Aguirre e com uma equilibrada organização defensiva, os sul africanos foram muito fortes na transição ofensiva, originando desse momento um golo (grande golo) e várias oportunidades não concretizadas. O México aproveitou um erro individual de um sul africano para empatar (a defesa subiu e ele ficou, colocando em jogo 3 mexicanos), um jogo que se tornou demasiado desorganizado com o passar do tempo, associado talvez ao desgaste emocional provocado pela ansiedade da estreia no Mundial. Uruguai 0 França 0. Quando a tensão pelo jogo ocupa o lugar da imaginação e da correcta tomada de decisão, sobra transpiração e o jogo torna-se pouco interessante. Tivemos aqui um bom exemplo de como mais importante que a disposição táctica inicial de cada equipa (Uruguai 4.4.2, França 4.3.3) é a sua dinâmica individual, colectiva e posicional. Houve ingredientes mas foram mal cozinhados e com isso, o Grupo A acaba a 1ª jornada como começou – tudo empatado.

Dia 2 do Mundial – Coreia do Sul 2 Grécia 0. Quando a organização defensiva não se sobrepõe à ofensiva, a Grécia não vence. Os gregos defendem bem, mas melhor quando estão em vantagem no marcador, porque em desvantagem perdem algum equilíbrio em ataque organizado e posteriormente na transição defensiva. Os Coreanos, bem organizados e com transições a fazer lembrar os tempos de Guus Hiddink (sem condução, em progressão e com enorme disponibilidade física e numérica), demonstram que futebol organizado, rápido e atractivo não é só na Europa, África ou América. Argentina 1 Nigéria 0. O jogo teve tanto de brilhante como de suspense. A Argentina podia ter ganho confortavelmente e a Nigéria podia ter empatado. É assim o resultado no futebol. Vitória empate e derrota, em certos jogos, andam muito próximos, quase de mãos dadas. Para um grande Messi um enorme Enyema (gr nigeriano). Pelo que vimos, a Argentina vai dar que falar. Parece explicada a convocatória do trintão Véron. Diego Armando Maradona precisa alguém dentro de campo que saiba o que fazer, como fazer, quando fazer e o que dizer a Maradona sobre o que se está a passar. Por isso me faz alguma confusão a não convocatória de Cambiasso e Zanetti. Inglaterra 1 EUA 1. Uns ingleses consistentes mas lentamente persistentes e um gr amigo ditaram um empate amargo para ingleses e saboroso para americanos. O americano Tim Howard (gr) que joga em Inglaterra foi, naturalmente, o melhor em campo, o que significa qualidade defensiva individual e colectiva americana e qualidade ofensiva individual e colectiva inglesa. Perante duas equipas bem organizadas, devem estar aqui as duas equipas a passar. Provavelmente.

Dia 3 do Mundial – Argélia 0 Eslovénia 1. Atrevia-me a dizer que estas duas equipas não ganhavam a ninguém, mas Chaouchi (gr argelino) teve a gentileza de contrariar a minha ideia inicial com aquela abordagem ao lance no mínimo estranha. Veremos nos próximos dois jogos quantos pontos fazem ambas as equipas. Sérvia 0 Gana 1. Os lutadores africanos levaram a melhor sobre os interessantes e mecanizados sérvios. Duas equipas lideradas por treinadores sérvios, duas equipas bem organizadas defensivamente. A Sérvia com mais qualidade individual e no passe curto e longo, o Gana com mais “ganas” nos duelos individuais e mais pressionante. Duas equipas interessantes que, por causa da Alemanha, uma vai regressar a casa mais cedo. Alemanha 4 Austrália 0. Uma Alemanha muito forte para uma Austrália muito fraca só podia dar goleada. Ver ao vivo Cabo Verde e pela televisão a Austrália, as diferenças colectivas não me parecem muitas e arrisco mesmo a dizer, que a nível de organização de jogo, Cabo Verde teve contra Portugal comportamentos posicionais que a Austrália foi incapaz de estabelecer contra a Alemanha. Para não variar, temos Alemanha para chatear!

REFERÊNCIAS:

1. Até agora, 406 mil 253 espectadores viram ao vivo os jogos do mundial. O jogo com maior assistência foi o inaugural (84.490), o de menor assistência o Argélia x Eslovénia (30.325).

domingo, 13 de junho de 2010

Depois do oitavo já se pensa no non(v)o!

A Associação Desportiva da Estação realizou no presente fim-de-semana a oitava edição do torneio internacional Diamantino Costa cidade da Covilhã para escolas e infantis – futebol de 7 e com todas as condições reunidas, o torneio decorreu de forma agradável, abrilhantado por jogos de enorme qualidade e por muito público nas bancadas do Complexo Desportivo da Covilhã. Depois da recepção às equipas na sexta-feira, e dos jogos de apuramento no Sábado, memorável momento de confraternização entre as delegações das comitivas presentes – para mais tarde recordar. No domingo, restabelecidos dos jogos de sábado, realizaram-se as finais e em escolas a equipa Football by Carlos Queiroz venceu na final o Colégio Guadalupe de Setúbal por 3-2. Em infantis, o FC Porto derrotou na final o Sporting CP por 4-1. De tenra idade, estes atletas demonstram um enorme respeito pelos princípios de jogo, ofensivo e defensivos, e identificam de uma forma assinalável os momentos de transição e de esquemas tácticos. Para quem se refere a atletas de 8 – 12 anos, é de facto muito prometedor. De assinalar a presença de João Vieira Pinto (ex atleta profissional de futebol, internacional por Portugal por 81 vezes, marcando 23 golos) no sábado e no domingo, do patrono do torneio, Yannick Djaló. Continua igual a si próprio. Mais famoso e conhecido, mais procurado por todos mas igualmente atencioso e sorridente para quem quer um autógrafo, uma fotografia, um cumprimento. Tê-lo entre nós é importante para nós mas sobretudo para todos os jovens atletas praticantes de futebol presentes no torneio. Nascido em Bissau a 5 de Maio de 1986, Yannick Djaló é de origem guineense e tem singelos 24 anos e recentemente casou-se com a menina que deu vida à “floribella” e que se dá pelo nome de Luciana Abreu.

Depois do oitavo torneio, já se pensa no nono. Nono e novo. Novo nas instalações desportivas a utilizar para a realização do torneio. Utilizar o complexo desportivo da Covilhã é motivo de satisfação, mas utilizar o complexo desportivo da associação desportiva da estação seria o concretizar de um enorme sonho! Acreditemos todos que a nona edição possa ser na nova casa, com condições de elite para receber todos os nossos convidados. A non(v)a edição! E porque falo de um sonho, permitam-me esta inconfidência: enquanto passava pelas bancadas e circundava o espaço envolvente, vê-se, sente-se e respira-se a grandiosidade da família da AD Estação. É mesmo muito grande. Em qualidade, quantidade, carácter e perseverança. Todos juntos, com o nosso humilde contributo, podemos ajudar este sonho a tornar-se real – o complexo desportiva da associação desportiva da estação. Este torneio revela (mais uma vez) que a instituição, pese embora a sua constante ascensão, merece muito mais e tem que alcançar muito mais. Querer todos queremos, mas temos mesmo que conseguir. E vamos conseguir! Dia após dia, jogo após jogo, dificuldade após dificuldade, resultado após resultado, não após não! Porque enquanto há vida há esperança e quando o homem (da ade) sonha, a obra (complexo desportivo) nasce!

Termino com um enorme bem-haja a todos os que contribuíram para a realização deste evento, desde patrocinadores a colaboradores, e porque não me quero esquecer de ninguém, não vou enumerar ninguém! Eles sabem quem são e o quão importante são!

REFERÊNCIAS:

1. Aproveito este espaço para fazer referência a uma enorme pessoa: José Félix Rabasquinho! Porque as homenagens devem ser feitas em vida e a quem merece, foi com enorme alegria que o vi presente entre nós na manhã de Domingo e me dirigi a ele. Foi com enorme orgulho e satisfação que o ouvi dizer o meu nome e lembrar-se de mim! Foi ele, quando eu era atleta infantil da AD Estação na longínqua época de 93/94, que aquando da marcação de uma grande penalidade me disse: és tu que vais marcar o penalti? Eu respondi que sim e ele perguntou rapidamente: e tu chegas com a bola à baliza? Eu fique de tal forma envergonhado que nem respondi. Quando ele apitou, corri para a bola e falhei! O remate saiu mesmo fraquinho e o guarda-redes do Cernache defendeu mesmo com enorme facilidade! José Félix Rabasquinho disse-me de imediato: eu bem te avisei!! A imagem de simpatia, boa disposição e constante alegria contagiante despertou a minha atenção e esta “estória” ficará para sempre na minha memória! A si, José Félix Rabasquinho, e à sua família, que a vida lhes traga tudo o que mais desejam: saúde para si e para os seus! E um enorme bem-haja pelo que deu ao associativismo!

O que é Internacional (também) é bom! (8ª edição)

A Associação Desportiva da Estação vai realizar pelo seu oitavo ano consecutivo o seu Torneio Internacional Diamantino Costa – cidade da Covilhã, em futebol de 7 para os escalões de Escolas e Infantis. Este evento desportivo que traz á nossa cidade, à nossa região e ao nosso distrito, jovens jogadores praticantes de futebol vai realizar-se já no próximo fim-de-semana, 4 e 5 de Junho, no local que por estes dias foi quamascote do torneio2 copyse o “santuário desportivo dos portugueses” – Complexo Desportivo da Covilhã. Para a oitava edição, a AD Estação convidou o Hergar FC de Salamanca, o Colégio Guadalupe de Setúbal, a Escola Football by Carlos Queiroz, o histórico Boavista FC, os “grandes” FC Porto, Sporting CP e SC Braga, e ainda os espanhóis do Atlético Madrid e os portugueses do SC Freamunde e do FC Paços de Ferreira. Ingredientes (leia-se equipas) suficientes para se poder confeccionar um bom prato (leia-se torneio). Estarão envolvidos cerca de 250 jovens praticantes de futebol de 7, num total de cerca de 400 pessoas envolvidas em todo o evento desportivo. E porque a “romaria humana” ao Complexo da Covilhã se tornou um hábito das últimas semanas, é importante que se mantenha por mais uns dias e que a curiosidade, o prazer pela modalidade e o gosto pelo futebol praticado pelos mais novos, faça deslocar ao Complexo Desportivo da Covilhã muitos pais e mães, encarregados de educação, familiares e amigos, num ambiente de festa desportiva salutar e de engrandecimento dos valores associados ao futebol – respeito e amizade.

Os jogos começam no Sábado, 5 de Junho, pelas 9h00 e prolongam-se até às 19h30 do mesmo dia, decorrendo neste dia os jogos da fase de grupos. No dia seguinte, 6 de Junho, disputam-se os jogos para apuramento final de classificação e disputam-se as finais do torneio de escolas e infantis, tudo isto entre as 9h00 e as 11h30.

Um evento desportivo importante onde se valoriza e promove a prática do futebol de 7 aos mais jovens, acompanhados das suas famílias. Apareçam por lá e tragam um amigo. A alegria daqueles jovens praticantes é contagiante. Até já!

REFERÊNCIAS:

1. Mourinho podia ter uma apresentação galáctica no estádio perante milhares de adeptos mas preferiu uma apresentação galáctica na sala de imprensa. Onde ele estiver, diga o que disser, faça o que fizer, agora será sempre galáctico. Mais do que o ser, é o que fazem querer…

2. Portugal e a Selecção. Após o treino com Cabo Verde, jogado de forma gradual, sem grande intensidade e agressividade, espera-se para hoje um “treininho” mais animado, mais “rijinho” e sobretudo, melhor jogado. Os Camarões vão exigir dos nossos maior intensidade com e sem bola, o que obrigará a aumentar os índices de concentração e só por isto, a qualidade será mais elevada. Porque ganhar é mesmo a melhor vitamina para a motivação e confiança, esperemos ganhar, de preferência jogando bem, bonito e organizados. “Só” no dia 15 de Junho, é fundamental e imprescindível que os nossos profissionais estejam na plenitude das suas capacidades, até lá, a aquisição de competências será gradual e hierarquizada. Depois, em velocidade cruzeiro ou velocidade supersónica, queremos é ganhar!

3. O estágio entre nós está a terminar. Chegaram, treinaram, jogaram, acenaram, agradeceram e vão partir para o “sonho africano”. Incontornável mediatização que esteve na Covilhã da qual esperamos que tudo não tenha sido mais que “show off”.

Vira o disco… e toca o mesmo!

A expressão que dá titulo ao artigo de hoje vem do tempo em que os discos eram pretos, se viravam, feitos de vinil e tinham dois lados, vulgarmente designados por Lado A e Lado B. Os discos eram colocados no gira-discos, um aparelho de construção mecânica composto por um prato, uma agulha e um botão onde se definia quantas rotações sobre si próprio deveria o prato cumprir durante um minuto. Tirava-se o disco da capa, colocava-se no prato, seleccionavam-se as rotações apropriadas, passava-se a agulha sobre o vinil e ouvia-se. Quando o Lado A chegava ao fim, virava-se e ouvia-se o Lado B. Se depois de virar o disco tocasse a mesma música, era extremamente desagradável, enfadonho, chato e o ouvinte sentia-se defraudado, no direito de reclamar. Daí ficou a expressão "vira o disco e toca o mesmo", que ainda hoje se aplica, sempre num sentido depreciativo.

Agora, nos dias que correm, a música é outra. Senão vejamos: antigamente, uma frase comum no futebol internacional dizia que o “futebol é onze contra onze e no fim ganha a Alemanha”. Nos últimos anos, esta frase deveria ser já muito diferente e deveria ser quase símbolo para classificar e adjectivar o percurso de um homem, rodeado por outros homens, que lidera muitos homens e sabe gerir tudo à volta desses homens. Actualmente, a frase referida atrás deveria dizer o seguinte: “no futebol são onze contra onze e no fim, ganha Mourinho!”. Neste aspecto, vira o disco e toca o mesmo. Sempre fiel aos seus princípios de jogo, o Inter jogou como bem sabe, oferecendo a bola aos pupilos de Van Gaal, controlando o jogo em detrimento da bola, e em transições ofensivas onde a referência foi sempre o militante guerreiro deste Inter, Diego Milito. O Bayern caiu na teia montada pelo Inter e Mourinho ganhou as 3 competições onde esteve envolvido. Enfim, mais do mesmo!

A NOSSA SELECÇÃO, apoiada por Covilhanenses e por quem visita a nossa cidade, gera um clima de euforia e emoção em seu redor de todo assinalável. As bandeiras estão a aumentar, as vuvuzelas ouvem-se em todo e qualquer lado, as camisolas e cachecóis já fazem parte do vestuário de cada um. E porque convém não esquecer, não gostava de ver repetida na Covilhã a história (triste e desagradável) que se viu em Coimbra, num jogo de preparação da Selecção. O treino de Domingo, com 4 mil pessoas, foi naturalmente curto para quem pensou que ia ver remates, cruzamentos, golos e grandes defesas. Mas atenção: Portugal treinou de manhã e porque foi à porta fechada, “acertou” a agulha para o jogo de ontem (2ª feira), e por isso, no treino da tarde antes do jogo com Cabo Verde, não se podia pedir mais a nível de treino, daí que os 40 minutos de futvólei tenham deixado muita gente “irritada”. Queiroz até podia ter realizado momentos de organização ofensiva sem oposição, rotinas, circulações ou até esquemas tácticos, mas com treino aberto e órgãos de comunicação social de todo o lado, o segredo é mesmo a alma “deste” negócio. E não esperem ter nos treinos abertos momentos de extrema concentração táctico-estratégica a nível da organização de jogo da selecção. Isso vai trabalhar-se “fechado”. Por isso, o desenrolar dos trabalhos da selecção vão ser “vira o disco e toca o mesmo”, no que diz respeito à abertura e/ou encerramento dos treinos. E já agora, não façam deste assunto, o “assunto”.

No futsal nacional, Alpendorada e Fundão obrigaram Sporting e Benfica a 3 jogos. Se o Alpendorada foi duplamente goleado, o Fundão, que em casa tinha perdido na “lotaria” das grandes penalidades, ganhou na Luz no Sábado e no Domingo, obrigou a 3º jogo a quem tinha dito que não apetecia trabalhar ao Domingo. Depois, foi o que já se sabe, porque a música para quem equipa de vermelho é sempre diferente da música para quem equipa de branco, e por isso, “virou o disco e tocou o mesmo”. Grande época da Desportiva do Fundão, que nada envergonha perder, em 3 jogos, o acesso à meia-final do campeonato, perdendo com o campeão europeu de clubes que esta época ainda não tinha perdido em casa.

No feminino, a AD Estação não alcançou os seus objectivos. Marcar, em dois jogos com a Golpilheira, 9 golos, deveria ser mais que suficiente para as vencer duas vezes, mas sofrer 12 (!), é inevitável não perder. A nossa organização defensiva meteu férias demasiado cedo, a nossa desconcentração esteve eficaz e o nosso rigor individual e colectivo foi inferior ao mínimo normal/habitual. As nossas capacidades não estiveram na sua plenitude. Resta, mais uma vez, ficar a ver de fora o desenrolar da taça nacional. E não deveria ser assim!!! Obrigado aos que nos apoiaram, aos muitos que nos ajudaram e a todos os que contribuíram para alimentar o objectivo a que nos propusemos.

REFERÊNCIAS:

1. Mourinho vai mesmo ser real em Madrid. E vai ser rei! Porque vira o disco…

2. Dei por mim a elaborar a conjugação verbal da crise financeira mundial: eu crise, tu crise, ele crise, nós crise, vós crise, eles crise. Saúde e cara alegre!

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Que o INATEL seja pequeno!!!

Na passada semana referi que, fosse qual fosse a convocatória de Queiroz, estaríamos todos convocados! Hoje, sou eu que faço a convocatória: estão todos convocados para Sábado, na Covilhã, a partir das 17h, no pavilhão da Fundação INATEL, apoiarem a AD Estação na 4ª jornada da Taça Nacional de Futsal Seniores Femininos, no confronto com a Golpilheira. Que o INATEL seja pequeno! Em virtude dos resultados alcançados até aqui nas primeiras 3 jornadas, só duas equipas podem aspirar a passar à fase seguinte – meias-finais da taça nacional – a Golpilheira ou a AD Estação. E porque na 1ª jornada a AD Estação perdeu na Batalha por 6-4, no Sábado, para manter os objectivos intactos, só a vitória interessa, juntando-lhe a diferença de golos de forma a anular essa desvantagem. Venha, traga um familiar, um amigo e um amigo do amigo. No Sábado, a Selecção Nacional treinará de porta fechada, a AD Estação jogará de porta aberta. Até Sábado!

REFERÊNCIAS:

1. Quando Scolari pediu bandeiras de Portugal em todo o lado, a selecção estagiava em Óbidos e a Covilhã estava bem “vestida”! Agora que a selecção está aqui, gostava de ver a cidade mais bem “preenchida” de símbolos de Portugal! Eles estão aqui e vão sentir que cada bandeira, cada cachecol, cada camisola, representa o apoio de um português rumo à África do Sul!

2. Naturalmente que os 24 atletas convocados por Queiroz iriam gerar pouco consenso, fossem eles quais fossem, no entanto, há nomes que geram consenso pela estupefacção da sua convocatória e outros, pela naturalidade da sua convocatória. Ser treinador de clube é difícil, ser seleccionador para levar 23 para um Mundial é terrível. Mas a decisão tem de ser tomada e ninguém melhor que a equipa técnica da Selecção Nacional para avaliar e comparar dados entre inúmeros atletas. E que ninguém duvide que o sucesso que todos desejamos para a equipa de todos nós, eles que escolheram e vão orientar e eles que vão lá estar e vão jogar, querem muito mais! Só nos resta um pormaior: apoiar os melhores 24 atletas profissionais de futebol “portugueses” (sim, entre aspas, devido aos luso-brasileiros que temos) no seu trabalho diário na Covilhã, nos treinos abertos e nos jogos de preparação que aqui vão realizar. Lá estarei também!

3. 13 jovens da formação da AD Estação (8) e do SC Covilhã (5) treinam com a Selecção. Sim, é verdade, não é mentira ou uma ilusão. Aliás, ilusão que passou a realidade quando na sexta-feira, no balneário do Complexo Desportivo, receberam do roupeiro da Selecção o equipamento de treino com as quinas ao peito. Uma experiência que vão recordar, contar aos netos e fazer disto, a história desportiva das suas vidas, pelo menos por enquanto…daqui lhes desejo o mesmo que fiz pessoalmente: saúde e que desfrutem do momento, retirando dele o melhor para as suas vidas sociais e desportivas, saindo de lá como entraram: com enorme humildade e respeito por tudo aquilo que todos os jogadores de futebol querem – representar a selecção nacional!

4. Em Itália, HABEMOS CAMPIONI. Mourinho pois tá claro! Última jornada, última vitória difícil, fora, em Siena, por 1-0. Com este, foi o 6º titulo de campeão nacional do José. 2 por cá, 2 em terras de sua majestade e 2 no país da bota. Pessoalmente, gostava de o ver “bisar” ou até “triplicar”, aqui ao lado, vestido de branco! É que gostava mesmo!

5. Em Espanha, HABEMOS CAMPEONES. Barcelona pois tá claro! Uma “barbaridade” alcançar 99 pontos! 38 jogos realizados, 31 vitórias, 6 empates e uma “mísera” derrota, tudo isto, com apenas 24 golos sofridos. Cristiano e o seu Madrid bem tentaram mas com um Barça assim torna-se quase impossível. Admirável, louvável e assinalável a época do Barcelona, que continua a ganhar, praticando um futebol magnifico do ponto de visto colectivo, individual e táctico.

Sim! Estamos todos convocados!!

Estamos todos convocados! Apesar de escrever sem saber os convocados e de ler estas palavras a saber os convocados, temos o dever cívico desportivo e social de estar convocados no apoio à nossa selecção nacional de futebol. Sejamos covilhanenses, fundanenses, albicastrenses ou egitanienses, somos Portugal e a selecção está aqui, entre nós, a preparar a participação de um campeonato do mundo! Estamos convocados para apoiar nos treinos, nos jogos, nas deslocações do autocarro, nas acções sociais e para também, quando necessário, perceber e entender que o descanso também é treino.

Desde que tomou posse como presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madaíl teve a preocupação de levar a Selecção Nacional – Clube Portugal a várias zonas do interior do nosso país, onde a equipa tem jogado com regularidade e se tem instalado para a primeira fase dos estágios antes das fases finais das grandes competições, Mundiais e Europeus. Foi assim em Chaves, Óbidos, Évora, Alcochete, Viseu, até em Macau, a caminho da Coreia e do Campeonato do Mundo 2002. Agora, coube à Covilhã, onde Portugal estará de 14 de Maio a 1 de Junho, aqui defrontando Cabo Verde e os Camarões, excelente adversário se pensarmos na importância transcendente do primeiro encontro na África do Sul, com a Costa do Marfim. Num entendimento entre Município e demais forças vivas da cidade, a Selecção utilizará dois hotéis em permanência, o Serra da Estrela no topo da montanha mais alta de Portugal e o Hotel de Turismo, no centro da cidade e muito próximo do estádio onde terão lugar os dois jogos disputados e a maioria das sessões de treino. Optando por um estágio em altitude, Carlos Queiroz não dispensa sessões de treino no histórico Estádio Santos Pinto, sensivelmente a meio caminho entre o centro da cidade e o topo da Serra da Estrela, mesmo que a maior parte dos trabalhos tenha lugar no Complexo Desportivo, no centro da cidade. À semelhança do que sucedeu há dois anos, quando a Selecção teve o seu quartel-general em Viseu e se deslocou a Tondela para treinar uma vez, também agora terá lugar uma curta viagem até à Guarda, a cidade mais alta de Portugal, prevendo-se, mais uma vez, uma acção pedagógica e social de grande significado.

Após a convocatória, aproxima-se o dia da chegada dos jogadores à cidade. Mas nem todos. A concentração está agendada para sexta-feira, dia 14, mas nesse dia o seleccionador não deverá contar com mais que nove/dez jogadores, todos cujos clubes terminaram a época neste fim-de-semana que passou: Nani, do Man. United; Eduardo, do Sp. Braga; Fábio Coentrão e outros potenciais convocados do Benfica; Veloso, João Moutinho, Pedro Mendes, Rui Patrício e Liedson, do Sporting e também Danny, do Zenit, estarão já disponíveis. Depois, até que os restantes cheguem e para que os trabalhos comecem a decorrer de forma natural, estarão também convocados jogadores Juniores da AD Estação e jogadores do SC Covilhã. Isto porque os restantes internacionais chegarão a conta-gotas, assim que as competições onde estão envolvidos terminem. Nesta situação estão jogadores do FC Porto, que jogam a final da Taça de Portugal a 16 de Maio, futebolistas a actuar em Espanha, porque a última jornada da Liga será disputada no próximo fim-de-semana e porque o Atl. Madrid, de Simão e Tiago, joga a final da Taça do Rei a 19 de Maio. Em semelhante situação está Hugo Almeida (o Werder Bremen joga a final da Taça da Alemanha, dia 15) e de todos os portugueses do Chelsea que disputa a FA Cup, com o Portsmouth, também dia 15 de Maio. Ou seja, por este andar, só no final do mês de Maio (dia 26 mais precisamente) Queiroz terá à sua disposição todos os eleitos para o Mundial de Futebol.

O primeiro treino da selecção será na sexta-feira, 14 de Maio, às 17h, no Complexo Desportivo da Covilhã – aberto ao público e aos órgãos de comunicação social. No sábado, dois treinos “fechados” ao público, no Santos Pinto e no Domingo prevê-se casa cheia para assistir ao treino, às 10h30 no Complexo Desportivo da Covilhã. Para assistir aos treinos abertos será necessário apresentar bilhete, que serão emitidos e oferecidos pela Câmara Municipal da Covilhã. A FPF avisa que será vedado o acesso ao público que não tiver bilhete. Bons treinos, bons jogos, bom e respeitador apoio à nossa selecção.

Está difícil!!

Com o decorrer dos campeonatos e das competições e com o aproximar do fim das mesmas, começa a ficar definido os títulos e classificações a atribuir nos vários campeonatos da Europa e também nas competições internas, de futebol e futsal.

Primeiro, nós por cá! Em Portugal, está difícil encontrar o campeão nacional de futebol e o último apurado para a Liga Europa. Tudo o resto, na Liga Sagres, está encontrado. Vão os adeptos de futebol ter que esperar pelos últimos 90 minutos de futebol da época para saber o que lhes vai acontecer. Na Liga Vitalis, está difícil definir quem sobe e quem desce. Só uma certeza. O Carregado já desceu, de Covilhã, Varzim e Chaves, um vai descer e 5 equipas estão em condições de subir à Liga Sagres. Revelador do equilíbrio da competição e da imprevisibilidade de resultados.

Começo o roteiro pela Europa por Inglaterra. Impressionante. À entrada para a última jornada, Chelsea 83 pontos, Man United 82. Após 37 jogos (!), é no último que tudo se decide. Após se terem disputado 111 pontos, está difícil encontrar o campeão inglês. O Chelsea recebe o Wigan e o Man United recebe o Stoke. Eu dou vantagem ao Chelsea, mas no futebol inglês, as apostas só no fim!

Na liga Italiana, após 26 jogos, Inter 76 pontos, Roma 74. Está difícil! Faltam duas jornadas e o Inter recebe o Chievo e vai a Siena e a Roma recebe o Cagliari e vai a Chievo. Dou vantagem a Mourinho, mas pelo meio está a Taça de Itália, com a Roma, e está longe a definição do futuro campeão.

Na nossa vizinha Espanha, para não destoar deste panorama, está difícil encontrar o campeão. Em 105 pontos possíveis, Barça 90, Real 89 e o Valencia, 3º classificado, 65 (!), a 25 pontos do 1º (!). Aqui não posso dar vantagem a ninguém, mas acredito que Ronaldo vai continuar a marcar golos e a diferença e que o Barça vai continuar a jogar muito melhor futebol que o Real, que resolve os jogos com a qualidade individual dos seus (única e exclusivamente).

Em França (sim, também está difícil), a três jornadas do fim do campeonato, o Marselha leva 5 pontos de vantagem sobre o Auxerre, com quem empatou este fim-de-semana a zero. O terceiro classificado é o Lille e está a 8 pontos. O Marselha, na penúltima jornada, visita o Lille. Também aqui o campeão vai ser encontrado nas últimas.

Um Campeonato que estava difícil e deixou de estar foi o Alemão. O Bayern Munique, após o apuramento para a final da Champions, foi “virtual” campeão, porque apesar de só levar 3 pontos de vantagem para a última jornada, tem uma diferença de golos significativa (39 para 22) e vantagem no confronto directo (empate e vitória).

Passando ao Futsal (Masculino), o Sporting CP terminou a 1º fase no 1º lugar, após destronar desse posto o Belenenses, na última jornada. A AD Fundão alcançou um brilhante 6º lugar e daqui envio a todo o departamento de futsal um abraço de congratulação pela excelente época desportiva realizada. Parabéns!

No Futsal Feminino, a AD Estação iniciou a sua participação na taça nacional da categoria com uma deslocação à Batalha para defrontar a Golpilheira e fomos derrotadas por 6-4. Porque só o 1º lugar do grupo interessa para passar às meias-finais da competição, está difícil, mas longe de estar impossível e ainda dependentes de nós, dos nossos resultados, da nossa capacidade e do nosso rendimento. Enquanto assim for, haja alma, coração, força e qualidade para lutar e vencer!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O 25 de Abril do Futsal - BENFICA CAMPEÃO europeu!

Lisboa, 25 de Abril de 2010. Podia falar das comemorações da Revolução dos Cravos, mas não era a mesma coisa. Troquemos os cravos por uma bola de futsal, 1974 por 2010, e a revolução não foi estatal nem política, foi desportiva e especificamente no Futsal. O Benfica, após 8 anos da criação desta competição, torna-se Campeão Europeu de Futsal de clubes. Brilhante e estrondoso o resultado alcançado pelo Benfica. Mas para melhor enquadrar esta vitória, importa “conhecer” a “história” desta competição. A época 2001/02 marcou a realização da primeira edição da Taça UEFA de Futsal. O primeiro torneio foi disputado no molde de uma fase final, em Lisboa, com as oito melhores equipas europeias, em Fevereiro de 2002, onde nelas se incluía o Sporting CP. O Playas de Castellón de Espanha foi o vencedor, derrotando o Action 21 Charleroi da Bélgica na final. Em 2002/03, o torneio culminou com uma eliminatória final a duas mãos entre o Castellón e o Charleroi. Uma vez mais, a formação espanhola saiu vitoriosa do confronto, averbando o seu segundo título europeu consecutivo. Na época 2003/04, a competição contou com a presença de 33 equipas mas o domínio espanhol continuou. O Boomerang Interviú venceu o Benfica com um resultado total de 7-5. Em 2004/05 chega ao fim a hegemonia espanhola quando o Action 21 Charleroi ergueu finalmente o troféu, derrotando o Dinamo Moscovo por 4-3. Em 2005/06 houve 34 participantes, mas uma alteração no formato da competição - os dois segundos classificados de cada grupo permaneciam em prova e juntavam-se aos vencedores dos respectivos grupos nas meias-finais. Boomerang e Dínamo chegaram à final, cabendo a vitória à equipa espanhola, que reconquistou o troféu depois de ter vencido a primeira mão por 6-3 e ter sobrevivido à deslocação a Moscovo, conseguindo um resultado total de 9-7. Pela primeira vez, 40 clubes participaram na edição de 2006/07, com uma ronda preliminar e uma principal antes da Ronda de Elite, com 16 equipas, na qual Boomerang, Dínamo, Charleroi e El Pozo Murcia foram os vencedores de cada grupo. Este quarteto ganhou o direito de prosseguir para a "final four" do evento, tendo o Dinamo vencido a competição. Seguindo uma perspectiva de evolução, em 2007/08 a prova foi alargada a 44 clubes. O formato manteve-se e, mais uma vez, os quatro vencedores de cada grupo, neste caso Dínamo, El Pozo Múrcia, Kairat Almaty e os estreantes russos do Viz-Sinara Ekaterinburg, atingiram a "final four", e foram os estreantes russos que arrebataram o europeu, depois de um empate a quatro golos frente ao El Pozo Murcia, seguido de um sucesso por 3-2 nas grandes penalidades. A edição 2008/09 voltou a contar com a participação de 44 equipas e foram novamente os cabeças-de-série a atingir a fase final: Ekaterinburg (escolhido como anfitrião), Dínamo, Interviú e Kairat. Registou-se nova derrota russa na final, já que o Interviú venceu por 5-1 e alcançou o seu terceiro sucesso na competição. Época 2009/10, o Benfica acolhe a “final four” no Pavilhão Atlântico em Lisboa, e perante 9400 espectadores, venceu o Interviú por 3-2 após prolongamento, num jogo de futsal para eternizar. Tremenda qualidade individual de todos os intervenientes, enorme qualidade colectiva na forma de jogar, diversas estratégias adoptadas para ultrapassar dificuldades e uma envolvência mágica, para o Benfica e para o futsal português. Em 2007 a selecção esteve na meia-final do europeu, em 2010 estivemos presentes na final do europeu e a nível de clubes, o Benfica foi campeão europeu. O futsal assim torna-se mais conhecido e reconhecido.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Rumo ao Futuro

Em entrevista “aberta”, o seleccionador nacional de futebol Carlos Queiroz revelou o projecto que lhe tem ocupado a mente e os dias, neste seu regresso à Federação. O regresso não se tem traduzido apenas pelo cargo de Treinador da selecção A. Desde que chegou, Queiroz elaborou um documento (menos mediático e conhecido) onde propôs a Gilberto Madaíl que a selecção passe a ser vista com a mesma perspectiva e preocupação de um clube de top. O projecto chama-se “Rumo ao Futuro” e visa criar as condições para ganhar e tornar as vitórias consistentes. Durante cinco anos (2003 - 2008), Scolari tinha encarado o seu papel de seleccionador concentrando-se apenas na selecção A, tendo as diversas selecções funcionado como ilhas, sem interligação e partilha. Era importante ordenar e dirigir todo o projecto de selecção e de detecção de talentos de uma forma integrada. Para Queiroz, o jogador é o centro de todo o plano e dos programas que visam melhorar a qualidade do jogo e o rendimento – um jogo de jogadores e para os jogadores. o projecto estabelece duas prioridades: a inquestionável e inegociável Selecção A e a identificação de um grupo de elite de jogadores. a criação deste grupo de elite de talentos foi a solução encontrada para garantir “sobrevivência” à selecção A. Queiroz refere que quando a base de sustentação são os clubes e estes não chegam, a proposta é identificar um grupo de elite de talentos, formar e preparar esse grupo para depois entrarem no circuito da selecção A, pois a selecção A deve ser alimentada através da formação. O projecto é um plano estratégico de desenvolvimento, no qual o programa informático em que se desenvolve o projecto permite perceber que um jovem com potencial e que tenha nascido, por exemplo, em 1993, irá poder participar no Europeu de sub 17 em 2009/10, no Europeu de sub 19 de 2019/11, no Mundial de sub 20 e/ou nos Jogos Olímpicos de 2011/12 e no Mundial sénior de 2014 (Brasil). Em resumo, os jogadores divididos em quatro grupos, com cada um destes níveis a dispor de um “x” número de jogadores inseridos numa matriz, serão avaliados com uma frequência previamente estabelecida (mês a mês, e.g.) pela equipa técnica. Esta avaliação permitirá definir quem são e quantos são os guarda-redes, defesas direitos, entre outros, em quem vale a pena apostar. Os treinadores têm de estar permanentemente em contacto com o núcleo central de avaliação, definindo, analisando e dar pareceres sobre quem são os três ou quatro melhores jogadores em cada posição. A qualquer momento se verifica imediatamente quem são os três melhores guarda-redes de 16 ou 17 anos. Da mesma forma, o seleccionador consegue imediatamente perceber, em qualquer um dos níveis, em que posições é que estamos melhores, onde temos mais craques potenciais ou permite dizer (e.g.): na matriz de 16 e 17 anos só aparece um defesa direito, mas há seis defesas esquerdos, ou “descobre-se” que há problemas de centrais nos 15, 16 e 17 anos. Isso significaria (caso nada fosse feito para resolver a situação) que a selecção A iria ter dificuldades na posição no Europeu de 2024. A nível táctico-técnico, Queiroz definiu o ponto de partida no 4.3.3, mantendo uma filosofia comum em todas as idades. Queiroz sublinha que a decisão para não haver mudanças radicais. Até aos sub 17, irá utilizar-se exclusivamente o 4.3.3. Dos sub 17 aos sub 19 treina-se e joga-se tanto com o 4.3.3 como com o 4.4.2 (tanto na variante losango, como com dois trincos e três avançados. Nos sub 20 e sub 21, o sistema passa a ser o 4.2.1.3, com dois pivôs defensivos e um homem atrás dos três avançados, mas a base será sempre o 4.3.3, embora nos treinos se introduzam outras opções, que poderão estabilizar em função das características dos jogadores disponíveis. Com este projecto do presente, a pensar no futuro, permite a Queiroz dizer: "se o presidente disser que não quer gastar dinheiro com a ida ao Europeu de sub 19, nós vamos poder responder: "não há problema, você só está a danificar 40 e tal por cento dos jogadores da equipa de 2014. Quando sabemos que no mundial de sub 20 vão estar jogadores nascidos em 91 e 92, também sabemos que eles vão constituir 30 por cento da selecção de 2013/2014".

REFERÊNCIAS:
1. Domingo, no Estádio Cidade de Coimbra ficarem bem perceptíveis 3 pormaiores: o porquê de o Benfica ser primeiro (quando o colectivo é forte e as individualidades desequilibram a vitória fica pertíssimo, mesmo não jogando sempre bem e bonito); o porquê da cobiça ao treinador André Villas Boas (a Académica é muito bem organizada, muito bem estruturada e uma equipa muito rigorosa táctico-estrategicamente, que me deixa surpreendido pela classificação que ocupa) e o talismã deste título (ainda não conquistado) ser Weldon em detrimento de Mantorras no último campeonato conquistado.
2. A entrevista referenciada neste artigo foi concedida ao Jornal Público, em Março de 2010.

Os “santos da casa” e os “milagres”

Vemos por essa Europa fora treinadores, equipas técnicas, atletas e demais intervenientes no fenómeno desportivo relacionado com o futebol e o futsal de nacionalidades diferentes do país onde trabalham. Em Portugal, se a memória não me atraiçoa, apenas duas equipas da Liga Sagres não são comandadas por técnicos portugueses – Marítimo e Leixões. Os demais 14 clubes são orientados por “gente da nossa terra”. Quando os resultados não acompanham as pretensões, facilmente (e naturalmente) se aponta o dedo a quem comanda.

Na nossa vizinha Espanha, após o rescaldo de uma derrota que demonstrou a (enorme) superioridade do Barcelona relativamente ao Real Madrid. Naturalmente, Manuel Pellegrini, não sendo espanhol e muito menos da casa, não faz milagres. Guardiola, santo da casa, vai fazendo “milagres” e que maravilha de “milagres”. Para Madrid, fala-se de “santos” que orientem aqueles “deuses galácticos” do futebol mundial. Fala-se em José Mourinho, “nosso santo”, e ou muito me engano ou acredito mesmo que não sendo da casa, em Madrid iria fazer milagres. O futebol do Barcelona não se discute. E não se trata de saber se Lionel Messi é melhor do que Cristiano Ronaldo. Trata-se de concluir que o Barcelona é muito melhor do que o Real Madrid e de prestar tributo a uma equipa que está pronta a ganhar a I Liga e a Champions, tal qual como fez em 2009. Superior qualidade de um jovem treinador chamado Pep Guardiola - compadre de Luís Figo - que muitos já comparam a Johan Cruyff pelo estilo de liderança, pelo tom de voz, pela magreza do corpo, e, sobretudo, pela sabedoria. Em Camp Nou, estádio do Barça, sempre que há jogo pode ler-se em catalão numa das maiores bancadas “més que un club” [mais do que um clube]. Apetece dizer que Guardiola é “més que un entrenador” [mais do que um treinador]. O Barcelona não ganhou apenas um jogo na casa do eterno rival – Real Madrid. O Barça fez história porque nunca tinha ganho duas vezes consecutivas no Santiago Bernabéu (e se lhe juntarmos o inesquecível 6-2 da última época, mais impressionante se torna). Não basta ao Real ter Cristiano, Higuain e os demais intervenientes. Com 300 milhões de euros investidos esta época (!), o clube está fora da Champions, da Taça do Rei e vai manter a esperança pela Liga Espanhola, que dificilmente o Barça deixará escapar. Para o Real Madrid, o treinador também tem que ser “mais que um treinador”. Precisa o clube de alguém como o nosso Mourinho para estabilizar o clube, o plantel, os jogadores, a equipa, os adeptos, sócios, simpatizantes e o mundo do futebol.

REFERÊNCIAS:

1. Jesus, o Jorge, é da casa e não estando quase a fazer um milagre, vai levando o Benfica ao ambicionado objectivo – o título de campeão nacional.

2. Jesualdo Ferreira foi santo da casa e milagreiro durante 4 épocas mas arrisco a dizer que no final desta época vai procurar outra “freguesia para pregar”.

3. Paulo Bento já era, Carlos Carvalhal está a caminho e para bem do Sporting, a contratação do próximo treinador deverá ser um português, caso contrário, adaptação, conhecimento e rendimento vão demorar o tempo necessário para os outros adversários se distanciarem na luta pelo próximo título de campeão.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O (des)complicómetro ensino da tomada de decisão

Sendo o jogo (de futebol ou futsal) uma actividade com carácter de oposição e cooperação significa que necessita de organização (colectiva, sectorial e individual). A toda a dimensão da organização está subjacente a dimensão táctica, que segundo Maças e Brito (sd), deve assumir a preocupação dominante no ensino do jogo, onde a capacidade de observação, análise e interpretação das situações de jogo e acima de tudo a capacidade de decisão, devem orientar os pressupostos fundamentais da aprendizagem do jogo. Querem os autores sublinhar que mais que ensinar a executar, importa ensinar a observar (ler) o jogo e ensinar a decidir.
O “complicómetro” no ensino da tomada de decisão liga-se quando no processo de formação, esta preocupação simplesmente não existe. O “complicómetro” desliga-se se o inverso for real e verdadeira preocupação. Maças e Brito (sd) referem que “a competência base de todo este processo de aprendizagem está centrada na capacidade de decisão que é necessário promover nos jogadores”. Pode parecer simplesmente que o importante é decidir, mas fundamental é decidir em função de um conjunto de regras da organização estrutural e funcional do jogo, determinadas pela ideia e concepção de jogo do treinador. Ou seja, o “descomplicómetro” é decidir em função de um contexto específico, neste caso, um jogo de futebol. E porque logo no futebol de formação o apelo à capacidade de decisão dos seus intervenientes é uma constante, as actividades de preparação dos atletas devem incidir no ensino das execuções motoras (técnicas e tácticas contextuais) em contexto de decisão específico. Cada vez mais continua a parecer-me incorrecto a sistemática abordagem às dimensões do jogo de forma isolada. Cada vez mais autores têm contribuído para inverter esta tendência, apelando à necessidade de centrar a nossa atenção no conhecimento do jogo (dimensão táctica) e da preponderância do ensino da tomada de decisão no contexto específico das variáveis estruturantes da lógica organizacional dos jogos desportivos colectivos (Dietrich (1978); Queiroz (1986); Garganta (1998); Garganta e Pinto (1998); Silveira Ramos (2002), entre outros. As dificuldades, mais que em perceber e aceitar como importante está em operacionalizar através das metodologias utilizadas. Actualmente, muitos treinadores o conseguem operacionalizar. Actualmente, o treino e o treinador têm mais qualidade e isso reflecte-se no futebol de formação, com equipas visivelmente organizadas e com princípios colectivos e individuais que, à uns anos a esta parte, eram inexistentes em algumas equipas. A diferença está em quem planifica e sistematiza, existindo agora um maior rigor e especificidade na construção e aplicação dos exercícios para o ensino do jogo como um todo, mais importante que a soma isolada das suas partes. Agora, que esta preocupação já existe, devem os treinadores deixar de ser o “comando” dos “jogadores” durante o jogo (vai por ali, vem por aqui, passa, remata, cruza, chuta, salta – entre tantos outros feedback’s) para serem o “comando” aquando da planificação. Como? Promovendo e implementando exercícios que levem à tomada de decisão única e exclusivamente individual por parte do jogador, independentemente da idade/escalão/equipa/competição/clube. A preocupação deve recair nas tarefas de decisão. Thorpe (1992), citado por Maças e Brito (sd) refere a este propósito que “é possível haver um bom nível de jogo com técnicas fracas, desde que a abordagem à modalidade realce em primeiro lugar o conhecimento táctico, sendo os pressupostos técnicos considerados num plano secundário para encontrar uma solução / resposta ao problema táctico identificado”, isto é, fraca qualidade técnica com forte capacidade de decisão no contexto específico do jogo resulta num rendimento de qualidade. Torna-se por isso fundamental que, desde os primeiros momentos de aprendizagem do jogo, os jogadores da formação assimilem um conjunto de princípios tácticos para melhor responderem às solicitações que o jogo lhes coloca. Vikers (2000), citado pelos mesmos autores, confirma esta importância ao destacar que “os exercícios baseados na tomada de decisão promovem, a longo prazo, melhores resultados na capacidade de adaptação às exigências do jogo. Já no curto prazo, o ensino tradicional centrado nos comportamentos estereotipados (técnicas) apresentam vantagens aparentes, numa fase inicial da aprendizagem, não sendo confirmadas, mais tarde, na capacidade de interpretação do jogo”. É assim competência do treinador dispor de várias estratégias para implementar os exercícios de treino orientados para a capacidade de decisão dos jogadores, colocando os jogadores em situações reais de jogo para aprenderem a escolher as decisões que devem tomar num contexto concreto e específico de competição. Como refere Maças e Brito (sd), “o importante é definir os aspectos críticos da decisão a tomar para que os jogadores possam antecipar uma resposta em tais condições”.

REFERÊNCIAS:
1. Bons pensamentos, boas dúvidas, boas planificações/sistematizações, bons treinos, boas decisões!

quarta-feira, 24 de março de 2010

Financiamento para o desporto escolar

Após ter abordado algumas semanas atrás a relação existente (ou a falta dela) entre o desporto na escola e o desporto no clube, hoje prefiro abordar uma área sensível comum a toda e qualquer actividade (desportiva, cultural, social, entre outras) realizada em Portugal: o financiamento. E chamo-lhe área sensível pois a realização e a não realização de muitas actividades está, simplesmente, dependente deste “pormaior”: o financiamento.

Em Portugal, o Estado garante apoios às escolas para a prática desportiva dos jovens e garante o mesmo ao movimento associativo desportivo e, ainda, garante às autarquias para os mesmos destinatários. Este modelo de tal modo envolvente paralisa o jovem ficando sem saber qual a oferta a escolher. Talvez encontremos aqui a justificação para o fraco rácio de participação desportiva dos portugueses. É fácil entender qual o resultado da pulverização na distribuição dos recursos: todos ficam satisfeitos porque foram contemplados, ninguém consegue ser verdadeiramente eficaz com a reduzida parte que lhe coube (Guimarães, 2005). Como refere o autor, para uma mesma actividade, o Estado garante apoio através de 3 “canais” diferentes: escola, clubes e autarquias. Se a isto ainda acrescentarmos que as autarquias ajudam os clubes e até as escolas, vemos que o dinheiro anda distribuído, mas mal.

Guimarães (2005) refere ainda que por via das opções estratégicas relativas à contenção da despesa pública, a Escola está, actualmente, bastante fragilizada e debate-se com muitas dificuldades para cumprir a sua missão. Naturalmente, o Desporto Escolar reflecte estas dificuldades nas escolas devido à incerteza associada ao desenvolvimento das actividades. Certamente, todos os presentes que trabalham diariamente nas escolas percebem como é difícil organizar um projecto sem orçamento, em participar em iniciativas sem a garantia de retorno das despesas efectuadas e sem previsão dos seus montantes. Mas é assim que funciona. A aflição é grande porém, o Governo elaborou um programa do Desporto Escolar até 2013, mesmo sem saber qual o orçamento com que pode contar no final de cada ano. E porque as receitas para as actividades do Desporto Escolar advêm do jogo social, são por isso de natureza incerta. As receitas provenientes de jogo social não são configuráveis com uma actividade educativa permanente que requer recursos estáveis e objectivos. Normalmente, a opção das escolas é a de manter as actividades previstas com base no anterior para não gorar as expectativas dos alunos, mesmo à custa da qualidade em que essas actividades decorrem. Nenhum modelo de desenvolvimento deveria assentar numa base como esta, de incerteza de fiabilidade de execução.

Assim, em termos objectivos, o financiamento é efectuado através do orçamento privativo do Desporto Escolar, resultante das verbas que provêm da distribuição dos lucros dos jogos sociais atribuídos à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Actualmente, a repartição dos lucros provenientes dos jogos de lotaria (Totobola, Totoloto e EuroMilhões), estima que cerca de 10,5% dos lucros anuais (cerca de 50 milhões de Euros) sejam destinados ao Desporto. Deste montante, cerca de 6 milhões de euros destinam-se a apoio concreto ao Desporto Escolar. O financiamento faz-se de acordo com o Projecto de Desporto Escolar e quadros competitivos em que as equipas estão inseridas. Este financiamento, dado às escolas, é apenas um apoio, não podendo cobrir todas as despesas efectuadas e destina-se sobretudo ao apoio nas despesas com transportes

REFERÊNCIAS:

  1. Em jeito de conclusão: há financiamento, mas não há financiamento. Ou por outras palavras, dá-se com uma mão e tira-se com a outra.